Depois de dias intensos de ondas na casa dos 2 metros, sinto que vou travar a qualquer momento. Meu corpo grita por socorro, mas as ondas estão perfeitas. O que fazer nesta hora?
Adormeço rezando para não travar. Uma hora dessas meu idealismo já foi pra cucuia e vou me deitar sufocada pelo spray aerossol “altamente corrosivo”. Nessas horas o que é um peido pra quem tá cagado? E mando sem dó um Tandrilax.
Lá se vai meu lado natureba. Ah passa arnica, vai dizer a amiga mais riponga. Arnica o escambau. Rezo é pra não parar numa maca de hospital.
Fazia um mês, mais ou menos, que as ondas não davam nem sinal. Este verão tem sido rigoroso em manter-se fiel a fama de mal.
Certa vez ouvi um cara dizer que surf era um esporte de inverno. Na hora, confesso que discordei. Não sei se pelo seu ar pretensioso demais, ou se por me lembrar de bons dias de surf no verão.
Fato é que hoje vejo, ele tinha razão. O verão é como uma espécie de punição para nós surfistas. O sol castiga a pele, o crowd aumenta consideravelmente e as ondas parecem evaporar com o calor escaldante.
Como tudo nessa vida é passageiro, até a escassez veranística tem seu fim. E o que se faz quando o tão esperado swell chega?
Se esbalda, se lambuja, tira a barriga da miséria, surfa até o braço cair…ou até (no meu caso) o pescoço travar.
Alguns vão dizer que é falta de preparo. Outros, me acusarão azarada. Confesso que pode ser mesmo um pouco das duas coisas. Honestamente, diria que muitas coisas podem estar relacionadas quando se trata de lesão no surf. A verdade é que não há amor sem dor.
Por isso crianças, façam o que eu falo e não o que eu faço! Preparem-se fisicamente, mesmo no verão, para o swell da vida. Alonguem-se depois de TODAS as quedas.
A gente nunca sabe quando será o momento de glória, daquele tubaço da vida.
As dores e as delícias do surfe andam lado a lado, no nosso caso, disputam cada remada.
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