Depois do americano Kanoa Igarashi mudar de bandeira, agora é a vez da havaiana Tatiana Weston-Webb protagonizar possível mudança
Por Janaína Pedroso
Era uma bela tarde. O final de semana se aproximava com a promessa de boas ondas, o swell iria permanecer, mesmo que diminuindo, até domingo. Seriam dias de descanso e surfe (prometi não carregar meu laptop comigo).
Minha vontade de permanecer alheia a possíveis pautas, furos, campeonatos de surfe e etc., durou bem pouco. Meu pseudosossego foi quebrado já na sexta graças ao whats app, na minha opinião uma criação do demo.
A mensagem vinha de um grupo que há bastante tempo permanecia calado. Criado em 2015 graças as infames declarações do dirigente da ABRASP, a respeito do surfe feminino, ou do que deveria ser a modalidade na opinião dele.
Uma foto da surfista havaiana, com seus cabelos loiríssimos quase brancos (é natural ou tintura??) e lycra de competição me chamou atenção. A foto viria acompanhada de um texto com ar de indignação, de revolta. A remetente da mensagem era uma surfista experiente, que tem motivos de sobra pra estar desapontada com a atitude da confederação.
A notícia não me pegou de surpresa. Desde que uma fonte me contou sobre o convite da CBS (Confederação Brasileira de Surf) à atleta do Havaí, há uns três meses, esperava título bombásticos na mídia especializada, do tipo: “Havaiana vira Brasileira para surfar nas Olimpíadas”. O que, a propósito, não ocorreu, as manchetes foram bem mais suaves do que isso.
Assim que soube do convite fui atrás de um dos responsáveis pela carreira da atleta, que prontamente respondeu. “Bom dia Janaína. Infelizmente não está confirmado. Sim existem conversas e até mesmo uma vontade da atleta, mas existem muitas complicações. Quem sabe não convenceremos ela com a torcida brasileira pedindo para ela se naturalizar no Oi Rio Pro?”.
Como especulação não é fato, ignorei. Deixa a surfista pensar e decidir o que for melhor pra ela, pensei. Mas, imaginei a hipótese. Visualizei Tati com seu sotaque estilo Piracicaba, dando entrevistas. Suas postagens na língua inglesa sendo traduzidas para o português. O trabalho de convencimento para provar que a surfista é mais brasileira, que todas as brasileiras juntas.
Nada mal, pensei. Depois do trabalho que a atleta vem fazendo ao lado do técnico Leandro Dora, a evolução de Tatiana é impressionante e, até 2020, ela se torna uma forte candidata para conquistar uma medalha.
A grande verdade é que o fato já era esperado desde que o surfe foi incluído nos jogos olímpicos. Afinal, com a escassez de surfistas brasileiras no tour mundial, já era de se esperar, que o nome dela surgisse como uma possível atleta para defender a bandeira verde e amarela.
Nascida em Porto Alegre, Tatiana mudou-se para o Havaí com alguns dias de vida. Filha da bodyboarder gaúcha Tainara Guimarães e do surfista inglês Doug Weston-Webb, radicado no Havaí. Apesar de viver longe do país de origem praticamente a vida toda, Tatiana é apaixonada pela comida brasileira. E seu namorado, adivinhem? Brasileiríssimo.
Boas sempre acompanho as matérias muito boa por sinal,direito ela tem sem duvidas mas não seria justo com todas meninas da base que vem treinando já levando o nome do Brasil.vejo um monte quebrando por aí a mina de Natal da vários aéreos,a Jéssica do Rio,a Júlia de Santos e por aí vai.foda os caras da confederação cogitar a ideia é a mesma coisa que contratar um técnico gringo pra dirigir a seleção brasileira.acredito no bom senso da havaiana.
E aí, Denis! Obrigada pelo contato! É isso aí!!
Quanto preconceito em um texto tão mal escrito. O que a cor do cabelo dela e o fato dela namorar um brasileiro têm a ver com toda essa questão? Concordo quando diz que a Confederação deveria dar mais visibilidade e investimento ao surfe feminino, mas jogar todo um “boato” (sim, ainda é boato e nada está confirmado) nas costas da Tatiana é muita falta de profissionalismo e de caráter.
O preconceito está na sua interpretação. Eu acho lindo o cabelo dela, e sou super curiosa pra saber se é natural ou não. Quanto ao namorado brasileiro, novamente o preconceito está na sua visão. Os homens brasileiros têm muitas qualidades e acredito que seja por isso que ela escolheu ter um ao seu lado. Sobre o texto estar mal escrito, de novo, é seu ponto de vista e agradeço sua opinião 😉 Quanto a falta de profissionalismo e de caráter, realmente não sei nem o que dizer. Em nenhum momento do texto acuso, ou coloco nas “costas” da Tatiana o convite da confederação. Não sei onde você leu isso.
Excelente matéria!! Pensei exatamente a mesma coisa quando ouvi os rumores.
É muito conveniente para todos os lados, menos para as meninas que tanto se esforçam para chegar lá.
Aloha!
Pois é Carlos. Para as meninas é realmente frustrante. Obrigada pela mensagem! Aloha!!
Ela tem todo direito, afinal ela é brasileira! Lembrando que quem vai para as olimpíadas são as que se saírem melhor nas competições. Que eu saiba só tem uma brasileira na elite, ou seja o Brasil precisa de atletas de alto nível para representar nas olimpíadas,
Texto interessante, porem um pouco tendencioso. Por que nao olhar o lado da Tati tambem. Ela é brasileira. Se mudou pequena para o Hawaii aonde aprendeu a surfar e competir. Apartir de 2020 o esporte entra nas olimpiadas e ela tem que escolher um pais, afinal o Hawaii nao é um pais.
Fazendo uma pausa para explicação cultural, Hawaii, assim como Porto Rico sao considerados parte dos USA porem eles nao se consideram americanos.
Voltando, ela tem que fazer uma escolha entre os Estados Unidos, Inglaterra ( pai é ingles) e Brasil, sendo que ela nasceu no Brasil, tem a familia toda por parte de mae brasileira, namorado brasileiro, treinador brasileiro, preparador fisico brasileiro, manager brasileiro. Que pais vc escolheria? Sendo que se fosse escolher por nivel de dificuldade o mais facil, seria ela escolher a Inglaterra e se quisesse o mais difícil, o USA ela teria grande chances de classificação por estar entre as melhores do mundo.
Agora analisando se é bom ou nao para o surf feminino, analisando o passado da CBSurf e Abrasp que nunca ajudaram o surf feminino, acredito que a Tati poderia ser o grande nome que faltava ( poderiamos ate mesmo comparar ao Medina no lado masculino) para alavancar o surf feminino. Acho que esse grupo feminino deveria pensar com mais carinho a vinda da Tati e ver o quanto benéfico pode ser isso para elas
Oi, Luiz, bom dia!
Obrigada pelo contato! O propósito do blog é este mesmo, provocar reflexões e como o logo fala por si, as vezes essas reflexões são um tanto incomodas. Assim como uma bela queimadura de água-viva.
Concordo com muito o que escreveu. Aliás, concordo com tudo exceto um ponto. Quando você afirma que o texto é tendencioso. Ora, veja. Primeiro ponto, o texto é autoral. É sobre a minha experiência diante do fato. E então surge a questão: o autoral é intrínseco ao tendencioso, ao imparcial?
Para saber se obras autorais são necessariamente tendenciosas, fui atrás do velho e bom dicionário para tentar resolver logo esse dilema. Segundo o Aurélio (não sei é o melhor, mas o mais íntimo a mim, durante minha jornada de estudante foi com ele que contei). São dois os significados: (1) que mostra propósito de agravar ou prejudicar, (2) que não é imparcial.
Honestamente, reli o texto. Coisa que não costumo fazer, rs. E não consigo enxergar nem o item 1, nem o 2. Eu fiz um relato da minha experiência. Em dado ponto, vem meu devaneio “Nada mal, pensei. Depois do trabalho que a atleta vem fazendo ao lado do técnico Leandro Dora, a evolução de Tatiana é impressionante e, até 2020, ela se torna uma forte candidata para conquistar uma medalha.”
Faço mais um adendo. Eu acho aquele platinado da Tatiana a coisa mais maravilhosa! Se meus cabelos não fossem tão finos e sensíveis eu já estava platinadíssima.
Obrigada por me fazer entender, Luiz, se é que eu fiz rsrs!
Bj e boas ondas!!
jana
Janaína, sobre o cabelo, é 100% natural, ela nunca o pintou mais claro ( como é descolorido naturalmente, às vezes ela pinta de roxo ou rosa, mas a tinta sai em alguns dias), e impressionantemente, chega a ser até mais claro pessoalmente. Achei uma reflexão interessante, ao mesmo tempo em que as meninas da base carregam consigo a bandeira, elas ainda estão na base. Com as olimpíadas em 2020 e nenhuma nova estrela brasileira com chances reais na divisão de acesso e com apenas uma compatriota na divisão mundial, não me parece nem um pouco injusto que a tatiana ocupe a vaga, mais do que merecida, dentro dos jogos olímpicos. Acredito que seria injusto, num cenário olímpico, que acontecesse como na founders cup, onde a tainá Hinckel surfou pelo Brasil e por ser tão nova e inexperiente, acabou por puxar a nota do país para baixo. Não me entenda mal, a menina tem um futuro brilhante e tenho certeza q em alguns anos vai fazer um estrago no WCT, mas por hora, acho injusto com ela e com os outros surfistas integrantes da equipe que a colocassem para competir. Na decisão da Tati, claramente as vantagens se sobressaem. Acho inclusive, um excelente exemplo para todas as meninas q estão por vir. Sempre simpática e paciente, tira foto e sorri pra tudo mundo( e o português já nelhorou tanto, inclusive foi só a língua que ouvi ela falar aqui no Brasil), creio que, junto com a Silvana, as meninas da base serão tão amáveis quanto essas duas.
A Tatiana é brasileira nata, e o fato de ter se mudado e crescido do Havaí é uma questão de opção familiar, e não dela, afinal isso ocorreu quando ela não tinha sequer 1 ano.
O Brasil tem sua base no surf feminino, várias atletas com potencial, mas a questão é que a Tatiana já é uma realidade, uma surfista de ponta. Até 2020 são apenas 2 anos, pouco tempo. É improvável que as atletas em potencial da base se concretizem e amadureçam nesse prazo.
Vale ressaltar a quantidade de brasileiros que se desenvolvem em seus respectivos esportes fora do país. Os exemplos são muitos, seja no futebol, natação, basquete, polo aquático… Isso é bom e estimula o desenvolvimento do esporte no Brasil. Criam-se ídolos, referências, patrocinadores são atraídos, o esporte fica em maior evidência… enfim, a opção em apostar nela para as Olimpíadas é muito válida.
Sinceramente achei isso uma palhaçada. O fato de ter nascido no Brasil e ser filha de brasileiros, não a faz brasileira. Aliás, até o ano passado ela competia, adivinhem só, pelo Havaí! Se ela se sente brasileira, se gosta da cultura, por que não competiu esses anos todos pelo país? Em esportes onde não temos representantes (como nos esportes de inverno) até se entende convidar alguém para defender as cores do país, mas em um esporte onde temos representantes, na elite mundial inclusive? É uma falta de respeito com nossas surfistas.
E quanto ao sotaque estilo Piracicaba, isso é bondade. Porque em Piracicaba, os piracicabanos conseguem falar muito mais que três frases seguidas em português sem mudar para o inglês.
hahahahaha fala João Carlos!! Apreciamos muito sua presença aqui no blog e sua sinceridade! E viva Piracicaba! Pois é pois é, tem bastante gente p da vida com o que rolou… vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos?! Beijos e obrigada!! Jana
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