Por Nancy Geringer
Distante cerca de 75 quilômetros do litoral e considerada a maior cidade do Hemisfério Sul, São Paulo compete com as principais surf cities do mundo (Los Angeles , EUA e Rio de Janeiro) pelo protagonismo no que se refere ao lifestyle da praia, embora tenha caráter genuinamente cosmopolita. Esse protagonismo reluz em várias vertentes do segmento, como na indústria de confecção e no varejo, e resulta também em um circuito forte e exclusivo para moradores da região.
Logo de cara, os números do Surf Trip SP Contest impressionam, assim como essa cidade conhecida superlativos. A começar pela longevidade de quase duas décadas, precisamente há 17 anos, o circuito percorre todo litoral paulista totalizando mais de 500 participantes.
Diferente da maioria do litoral brasileiro, 90% consumidor de São Paulo (e também do Rio de Janeiro) é praticante do surfe, segundo pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Na linha de frente do circuito está Eduardo Nascimento, idealizador do evento e presidente da Associação de Surf da Grande São Paulo, que atua em parceria com empresas líderes do segmento. Pelo quarto ano consecutivo, a rede de lojas Surf Trip – pertencente ao grupo formado ainda pelas redes KYW e Super Tubes, além de as marcas HD e O’Neill.
Embora o mercado esteja retomando o fôlego, os números no que se refere ao segmento são expressivos. O Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae aponta três milhões de praticantes de surfe no Brasil e 30 milhões de consumidores de surfwear. Com um crescimento médio de 10% ao ano, o faturamento desta indústria é R$ 9 bilhões (7% do produto interno bruto, sem incluir os setores de equipamentos e acessórios – chegando a 13%). O segmento responde por 15% da produção da indústria têxtil, em conjunto com moda urbana (streetwear) e moda praia (beachwear).
Pioneiros competem na praia do Tombo, Guarujá
Desbravadores do surf em São Vicente, na década de 60, irmãos José e Chico Paioli são atração no Surf Trip SP Contest neste fim de semana na praia do Tombo, Guarujá.
Com etapa marcada para este sábado e domingo (15 e 16/09) na praia do Tombo, Guarujá, o circuito apresentado pela HD e O’Neill, reúne personalidades do esporte, como os carismáticos e inveterados surfistas José e Francisco Paioli, 69 e 67 anos respectivamente, responsáveis por cravarem as raízes mais profundas do surf paulistano.
Considerados referências no esporte, Zé e Chico, como são conhecidos na praia, são pioneiros do surf na década de 60, quando moravam na praia do Itararé, em São Vicente (SP). Participaram do primeiro campeonato em São Paulo, em 1967, e até hoje não perdem as etapas do Surf Trip SP Contest, aonde competem no Longboard.
“Meu irmão foi minha grande influência e segue apaixonado pelas ondas. Em São Vicente, a areia era branca e o mar verde, de águas claras. Éramos atletas, nadadores e nossas primeiras pranchas eram feitas de madeirite, sem cordinha”, recorda Paioli.
“Sempre fui muito ao Guarujá, no Maluf e no Tombo, sendo que este último considero uma ótima onda para performance: rápida e com tubos. O Tombo é um local de pessoas humildes e de boas ondas, pude acompanhar muitos atletas que treinei nos campeonatos lá, sempre com ondas constantes. E o local ainda é valorizado pelo palanque fixo e o calçadão, uma verdadeira arquibancada para o público”.
De acordo com o surfista, ele considera-se privilegiado de ver o estágio que o esporte alcançou. “Quando começamos a surfar, nunca imaginávamos que chegaria onde está e creio que toda a nossa galera tem orgulho de ver o nível do nosso esporte. No próprio SP Contest, chegamos à 17ª temporada disputas de nível altíssimo e uma nova geração brilhante”, destaca Paioli.
No mercado industrial, Zé trabalha com um sistema de detecção de trincas em equipamentos fabris. Chico foi campeão paulista e brasileiro de longboard Master, no final dos anos 80 e início dos anos 90 e atuou como técnico de surf de atletas de ponta.
Também considerados exímios nadadores, mudaram-se de São Vicente para Moema, na capital paulista, em 1967, aonde tiveram a Escola Paioli de Natação. O pai deles, Carlos Paioli, falecido em 2005, organizou, ao lado de Geraldo Faggiano, o primeiro campeonato de surf da Ilha Porchat em 1968, que contou com as presenças dos cariocas Carlos Mudinho e Rico de Souza.
Tive o privilégio de surfar ao lado do Chico Paioli, em 2017, em um belo domingo esolarado na praia do Itararé, em São Vicente. Apesar de sua experiência em cima da prancha e seu carisma, Chico é um sujeito simples, comunicativo e muito simpático. Grande abraço aos irmãos Paioli e que vocês continuem por muito tempo a nos inspirar com o seu surf e seu modo de vida. Mahalo !
Olá, Ricardo! Tudo bem?
Sem dúvida, surfar ao lado de uma lenda como o Chico é um enorme privilégio! Obrigada por sua participação por aqui 🙂
Até mais e boas ondas!!! Jana
Excelente essa etapa!! Altas ondas, praia linda e campeonato bem organizado!! Parabéns a todos!! O Surf só cresce no Brasil!! Ruma ao Ouro nas Olimpíadas!