“Maya Gabeira diz que é contra homem e mulher receberem premiações iguais no surfe”
“Surfista Maya Gabeira é a favor de premiações diferentes para homens e mulheres no esporte”
Uma grande voz, com um poder na mídia que talvez nenhuma outra surfista brasileira tenha, declarando sua opinião contrária ao que diz respeito às premiações igualitárias no cenário esportivo, especificamente do surfe.
As manchetes soaram mal aos meus ouvidos. De certa forma, me ferindo e surpreendendo ao mesmo tempo. Procurei no texto o momento exato em que a atleta dizia ser contrária à equidade em premiações entre homens e mulheres. Li, reli e não encontrei algo que justificasse as brutais afirmações que compunham as tais manchetes que, para mim, eram um grande equívoco e jamais deveriam ser ditas por alguém do calibre da atleta.
“Ganhar o mesmo é quase contraditório, porque é um esporte em que o masculino ainda domina muito não só dentro da água como o mercado. Pela iniciativa de igualar cada vez mais nos outros ambientes, é super válido. Mas creio que há muitos lugares, com menos visibilidade, em que a mulher ganha menos, e isso é um problema real. Acho interessante no nosso esporte, em que a diferença de performance é tão grande, a gente ganhar o mesmo que os homens e em lugares com menor visibilidade ainda existir uma diferença tão grande financeira – falou a surfista em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
A afirmação soou mais como uma constatação da realidade do que como um desejo de Maya em acreditar que as mulheres não mereçam ganhar valores iguais em premiações. Mais do que isso, as manchetes não faziam sentido, já que vinham de alguém que recentemente havia sentido na pele a discriminação de gênero dentro do esporte.
A solução foi entrar em contato com a surfista, que retornou prontamente. Maya, que ainda não tinha tomado conhecimento da repercussão, nos deu o depoimento a seguir.
Eis as palavras de Maya Gabeira:
“As palavras foram mal interpretadas, o que tirou um pouco do contexto o meu pensamento. Minha opinião não mudou, eu acredito e luto pelos direitos iguais no esporte. A prova disso é eu ter conseguido, após muita insistência e luta, entrar para o Guinness Book e abrir a categoria feminina no surfe. Foi uma longa espera para esse reconhecimento, precisei insistir, até mesmo criar uma petição, na qual houve mais de 18 mil assinaturas, para buscar o recorde feminino. Esse passo foi importantíssimo para abrir espaço não só para o meu reconhecimento, mas para abrir caminho para tantas profissionais do surfe serem reconhecidas também pelos seus méritos. Acredito que nossa luta vai desde o reconhecimento em premiações, salários e principalmente na questão de oportunidades para meninas entrarem no esporte, que ainda é considerado por muitos como uma modalidade para meninos, principalmente na minha categoria do surfe de ondas gigantes, e um dia, seremos igualadas também no número de competidoras e esportistas”
A busca desesperada por cliques e títulos bombásticos pareceu ter ido longe demais nesse caso.
Feminismo no surfe, um mal necessário?
Há algumas semanas tive a honra de ter um artigo meu publicado no portal Hysteria, um canal que pretende provocar reflexões a respeito do lugar da mulher como agente ativo, e não coadjuvante, na sociedade atual.
A missão era escrever sobre o surfe feminino, e sem achar outras formas para que o assunto chegasse ao leitor e leitora de forma clara e objetiva, resolvi contar sobre a minha experiência. Afinal de contas é isso que eu sou, mulher e surfista.
Confesso que não é uma posição agradável, a de se expor e mostrar situações incomodas e práticas indigestas do esporte. Ninguém quer esse papel, mas é necessário, às vezes, abrir feridas, sem intenção de polemizar, mas de causar reflexão. Assim, vomitei algumas verdades sobre o machismo no microcosmo do surfe. Porque, obviamente, o surfe só reflete um comportamento inerente à sociedade num aspecto mais amplo. O Brasil é machista, logo o surfe também.
Antes mesmo do artigo para o portal vanguardista, já havia causado incomodo na revolucionária e saudosa revista TPM. Lembro de ter levado um puxão de orelha da editora. “Jan, você precisa pegar mais leve”. Talvez ela tivesse razão, talvez não.
A verdade é que eu nunca busquei o papel de ativista, de engajada, muito menos de feminista. Porém, nasci assim. Já que nunca tolerei injustiça, a diferença de classe é algo que me adoece, nunca objetivei ser “rica” nem jamais casar com alguém que financiasse meus desejos consumistas buscando sempre por independência e liberdade. Mas não por isso reprimi quem quisesse seguir nesse caminho. Eu tinha uma prima que adorava dizer que quando crescesse iria se casar com um homem rico e morar numa mansão, ela também sentia nojo de andar de ônibus. Jamais a amei menos por isso, achava até graça para dizer a verdade. Mas o que ela falava não atingia milhares de pessoas, só a mim e talvez a meia dúzia de amigos e familiares.
Acredito que, ao invés de intensificar a fala de que os homens são superiores, seja mais enriquecedor discursar a respeito da falta de incentivo às mulheres de praticarem esporte desde cedo. Afinal, se nos fosse recomendado jogar bola, nadar, praticar judô da mesma forma como nos apresentam bonecas, casinhas e sapatilhas de balé, garanto que teríamos muito mais Martas, Silvanas, Titas, Aídas, Jacquelines, Hortencias, Daianes, Rafaelas e Joanas.
Como mulher, sinto que algumas colocações podem ser perigosas no sentido de enfraquecerem a luta por direitos iguais, pela garantia à liberdade e valorização da mulher surfista.
O surfe, no Brasil e no mundo, deu um passo gigante ao igualar valores de premiações e, definitivamente, não há nada tão desinteressante do que ouvir falas que possam vir a enfraquecer tal conquista.
por Janaína
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