Que beleza é ter um “blog de surfe” e poder escrever sobre tal, imaginar a possibilidade de finalmente viver disso, ter sonhos, saber que ando inspirando outras mulheres.
De pensar que o espaço nasceu de uma pauta declinada. Nesse instante me vem à cabeça uma frase frequentemente dita quando algo vai mal: “Quando uma porta se fecha, uma janela se abre”. Interessante é pensar que apenas parte da frase escrita originalmente pelo britânico Alexander Graham Bell tenha se tornado tão popular.
Bell não disse apenas isso, mas que infelizmente perdemos muito tempo nos lamentando sobre a porta fechada que nos tornamos incapazes de notar a nova janela, bela e completamente aberta a nossa frente.
Logo, este blog pode ser visto como uma escancarada janela ou resultado de certa perspicácia ao, diante de um problema, encontrar novos caminhos. Principalmente, quando as velhas estradas já nos parecem tortuosas, sem sentido demais.
Então no meu mundo ideal de autora de blogue não haveria espaço para tentativas frustradas de vendas de pauta, nem desgastes ao tentar convencer editores sobrecarregados, nem e-mails sem respostas, muito menos edições agressivas, com cortes e inserções na minha maneira de contar qualquer história. Seria apenas eu e o surfe.
Acontece que nada é perfeito e feliz para sempre e agora o problema tem sido justamente esse. O que era para ser pura liberdade, em alguns momentos revela-se uma espécie de cárcere.
Este incomodo de me sentir presa ao tema é novo. Já que antes minhas lamentações se resumiam ao medo de errar, de me expor e ser mal interpretada, e finalmente, do doloroso julgamento alheio.
Você pode dizer que isso é um problema pessoal e questões sobre baixa autoestima e insegurança deveriam ser compartilhadas com um terapeuta e não aqui. E eu devo concordar.
Dessa maneira te adianto, sinceramente, que voltei à terapia. Estava demais aguentar sozinha as dores do mundo e agora, uma vez a cada quinze dias, me consulto via Skype. Tem funcionado.
A questão da insegurança ou de como lidar com haters ainda não foi parar na sessão, mas não deve demorar. Devo falar também sobre como a tristeza e a raiva, ambas resultantes de plena indignação, andam roubando minha inspiração e de como tem sido desafiador viver aprisionada a um só tema, o tal surfe.
A verdade é que, hoje, dia 11 de abril de 2019, escrever sobre surfe soa nonsense, fora de propósito. Porém não mais sem sentido quanto imaginar a cena de uma família sendo alvejada por oitenta tiros de fuzil, em plena luz do dia, pelo Exército do próprio país.
por Janaína
ganhou um leitor… mas continue presa, escreva sobre surfe, é uma prisão que vale a pena
Oba!! Adoro ganhar leitores <3 seguimos firmes e fortes no universo salgado, que pode aprisionar certas vezes, mas é de fato libertador! Viva!!