Finalmente o surfe fará sua estreia nos jogos olímpicos disputados em Tóquio, Japão. Depois de muitas negociações entre as principais entidades da modalidade e comitê, agora os surfistas podem chamar seu esporte de olímpico.

por Janaína Pedroso

Mas o que esperar da tal estreia em julho? Afinal, tem onda boa de verdade no Japão? Isso importa?

O surfe fará sua estreia nas Olimpíadas em ondas japonesas obviamente, especificamente na praia de Tsurigasaki, também conhecida como Shidashita. E vamos direto ao ponto: até as marolas gordas de Itanhaém são mais excitantes que o pico japonês. Com todo respeito aos surfistas de ambos os lugares.

Então, será uma estreia infame? Não diria. Poderia ser mais emocionante? Certamente. Mas as coisas são como são e se quisermos assistir a performances, no surfe olímpico, de tirar o fôlego, talvez seja melhor esperar pacientemente a próxima edição dos Jogos.

Marola japonesa com Monte Fuji ao fundo. Foto AdobeStock.

Já que em 2024, em Paris, na França, o comitê que organiza o evento anunciou que as disputas serão realizadas em Teahupoo. A notícia rendeu comemorações entre as comunidades do surfe no Taiti, por outro lado houve muitas críticas. Especialmente pelo fato de que Teahupoo sequer faz parte do calendário de provas do circuito mundial feminino. 

Aliás, havia opções de ótimos picos como Hossegor ou Biarritz, muito mais próximos inclusive, já que o Taiti está a mais de 15 mil quilômetros de distância da sede dos Jogos. Coisa pouca…

Ainda sobre o CT, sem novidades para o Brasil

Em se tratando do Circuito Mundial, a novidade mais animadora deste ano fica por conta de G-Land, que é inegavelmente uma das ondas mais perfeitas e poderosas do planeta.

Sobre atletas, uma constatação curiosa: nenhum brasileiro novato ingressa na elite do surfe mundial em 2020. No entanto, veteranos como Jadson André e Miguel Pupo, seguem no CT.

A escassez não está restrita ao Brasil, já que são apenas três os novatos: Jack Robinson e Morgan Cibilic da Austrália e o sul-africano Matthew McGillivray. O menor número de estreantes no circuito principal desde que a WSL assumiu o circuito em 2015, antes comandado pela ASP.

E o que isso quer dizer? Bem, certamente é prematuro qualquer análise, mas seria um prenúncio de que a tal Brazilian Storm estaria com os dias contados? Ou um sinal de que a situação infame do cenário nacional uma hora bateria à porta cobrando o prejuízo que a falta de investimento pode causar a longo prazo?

Afinal, os cenários nunca foram tão antagônicos como hoje. Uma vez que temos de uma lado fenômenos como Gabriel Medina e Italo Ferreira conquistando títulos mundiais, e de outro talentos nacionais sendo dispersados diante da seca de patrocínio e incentivo em território nacional. Veremos.

QS mais apertado e salgado para brasileiros

Seguindo nesta lógica, 2020 oferece um calendário mais custoso para os brasileiros de ponta que brigam por vagas na elite. Apesar de serem oito os eventos que mais pontuam (10 mil), nenhum deles ocorre no Brasil.

Ademais, as etapas que antes valiam 6 mil pontos, este ano valerão 5. Como é o caso do Oi Hang Loose Pro em Fernando de Noronha, única etapa do QS no Brasil confirmada até o momento.

Por um ano melhor para o surfe e ambiente

A humanidade parece caminhar a passos largos em direção a autodestruição. Em 2019 pareceu termos vivido um dos piores anos para o ambiente, pelo menos no Brasil.

Crimes ambientais como Brumadinho, incêndios criminosos na Amazônia, derramamento de óleo que até agora não se sabe quem nem como. Até parece que nunca houve.

Honestamente, pouco me importa o cenário de competição, mercado, novos manager’s e patrocinadores. O que eu quero mesmo pra 2020 são surfistas mais engajados e estudados. Por fim, atletas mais comprometidos com a saúde dos mares e das florestas. 

Afinal…

Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo.

George Santayana

Beijo e boas ondas 😉