Lucas Chumbo, que teve breve passagem pelo BBB, vence categoria “Dupla Campeã” do Nazaré Tow Surfing Challenge, marcado pelo acidente do surfista português Alex Botelho.

por Janaína Pedroso

Além de Chumbo, o brasileiro Alemão de Maresias conquista a categoria “Prêmio Jogos Santa Casa – critério: comprometimento”. A premiação foi dada justamente pelo resgate de Botelho, orquestrado por Alemão.

Público presente no evento. Foto Damien Poullenot/WSL via Getty Images.

O havaiano Kai Lenny, parceiro de Chumbo, levou dois prêmios: ‘Dupla campeã” e ‘Melhor onda”. Lenny creditou a vitória ao parceiro, que o posicionou na melhor do dia. “Eu não teria sido capaz de surfar aquela onda sem o Lucas, então esse prêmio é tão dele quanto meu”.

Maya Gabeira, que concorria “Melhor onda categoria feminina” foi derrotada pela francesa Justine Dupont. As duas foram as únicas mulheres participantes da competição.

“Não tivemos muito tempo para treinar junto, apenas algumas sessões. Mas, quando vi Kai em ação notei que combinava exatamente com o meu jeito de surfar também.” Disse Lucas. Foto Damien Poullenot/WSL via Getty Images.

Gladiadores modernos

O evento em Nazaré foi, inegavelmente, ofuscado pelo acidente grave que por muito pouco não matou o surfista português Alex Botelho.

Contudo, apesar da gravidade da ocorrência, até que ponto este fato deve se sobressair à performance dos atletas?

O surfe de ondas grandes já existe há décadas, porém ganhou imensa notoriedade e massificação, especialmente depois da “descoberta” de Nazaré. 

Foi lá que Maya Gabeira quase morreu, Pedro Scooby, Rodrigo Koxa e tantos outros surfistas. Praticamente todos os dias, surfistas desafiam um limite bastante tênue entre vida e morte.

Aliás, atualmente, o lugar tem sido destino para entusiastas, com pouca experiência na modalidade, o que na minha visão beira a insanidade.

Porém, tratando-se de atletas, que treinam exaustivamente para enfrentarem tais condições, apesar de ainda parecer insano aos olhos de muita gente, é coerente que estejam surfando e competindo naquelas ondas.

Por fim, é inteligível e aceitável que um episódio de quase-morte ganhe mais destaque, afinal isso reflete o interesse de leitores/usuários que não estão habituados à modalidade e nem sequer sabem o que significa um surfista manobrar em uma besta de mais de 15 metros de altura, como fez Kai Lenny.

Em contrapartida, para nós esportistas e praticantes, pode soar por vezes errôneo que se dê mais espaço aos acidentes do que aos feitos. Mesmo que o fascínio pela tragédia seja milenar e universal.