Uma das lições mais significativas desse período de quarentena está relacionada à liberdade de ir e vir.

por Janaína Pedroso

Eu e minha liberdade na Praia do Forte. Foto Alexandra Iarussi.

Sem dúvida, uma enorme conquista, trunfo de sistemas e governos ditos liberais, agora é colocada em xeque por uma razão maior: a saúde mundial. Ou seja, esqueça sua liberdade e fique em casa!

E não é à toa que em sistemas considerados mais autoritários, e onde o  pensamento coletivo se sobrepõe às liberdades e desejos individuais, o isolamento social tenha dado mais certo. Ou melhor, a sociedade tenha respeitado melhor tais determinações.

Por aqui, no Brasil, em Ubatuba propriamente onde vivo, ainda me deparo com cenas preocupantes. Por mais que as veja através de uma tela de celular, já que não tenho saído de casa, me incomoda como falta senso coletivo às pessoas. 

Meu primeiro e único salto de paraquedas na ilha de Itaparica.

Essa pandemia, mais do que um risco à saúde física, tem imposto a mim a necessidade de praticar a empatia sem limites, para assim manter a sanidade mental. Sou empática a tal ponto de agradecer ao vizinho que grita às duas manhã: “vim prá cá espalhar coronavírus hahahaha, vamos surfar caralho!!”

Em contrapartida, praticar empatia neste caso não quer dizer que eu não sinta uma tremenda raiva de tamanha imbecilidade e falta de respeito. Então, respiro e digo a mim mesmo: vai passar!

Mas, sigo tentando fazer minha parte nesse rolê todo. Não me deslocar sem necessidade, praticar Ioga, cuidar da casa e achar alguma inspiração para escrever de surfe, mesmo estando sem surfar. 

Eu devo ir à Bahia

Não me recordo quando visitei a Bahia pela primeira vez na vida. Embora lembre que tenham sido lá, talvez os melhores e mais energizantes momentos da minha vida. 

Foi durante uma surf trip à Bahia que saltei de paraquedas da ilha de Itaparica, surfei altas ondas em Stella Maris, fiz rapel no morro da Mãe Inácio, amarelei para um salto de bungee jump de um balão em Lençóis. Tomei cachaça, dancei forró, vi um dos cenários mais deslumbrantes estando diante do Morro Pai Inácio, mergulhei no Poço Azul. 

Foi na Bahia que vi Silvana Lima ganhar uma etapa mundial da divisão de acesso (QS), rumando então à elite. Em Salvador, fiz wakeboard em companhia da estrela Ivete Sangalo. Na Bahia, comi a melhor comida da vida e conheci um dos povos mais atraentes do mundo. Surfei na Praia do Forte, fundo de pedra, coral e areia. Fui muito feliz na Bahia. E é pra lá que eu quero ir quando tudo isso acabar.

E você, para onde vai quando tudo isso passar?

Crédito da galeria: arquivo pessoal.