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Mar pede socorro em ‘Baleia’, livro de Sérgio Campante

por | mar 17, 2021 | Ambiente, Destaque, Sustentabilidade | 2 Comentários

O mar, um menino, um cão e uma baleia. É com esses personagens, que surge ‘Baleia’, livro infantil da Editora Voo, escrito e ilustrado pelo surfista Sérgio Campante, e que fala a crianças e adultos sobre a situação emergencial dos oceanos.

Sabe-se que mais de 12 milhões de toneladas de plástico são despejadas nos oceanos anualmente. Cerca de 10% de todo o plástico descartado é reciclado. O dado é alarmante e está diretamente relacionado ao modo de vida capitalista, o qual exige que a sociedade consuma de maneira agressiva. Assim, ignora-se o fato de que recursos naturais são finitos. Definitivamente, não há mais possibilidade de viver, senão sob uma economia circular e consciência ao consumir. 

por Janaína Pedroso

Em entrevista ao site Origem Surf, o autor e ilustrador fala sobre como surgiu a ideia do livro, o processo criativo, a relação com o surfe e o mar, entre outros assuntos.

De Belo Horizonte para Mucuri

Sérgio nasceu em Belo Horizonte e cresceu em Brasília, e o encontro com o mar deu-se ainda na infância, quando a família cruzava estados em busca de maresia. Então, no sul da Bahia, em Mucuri, veio a paixão pelo mar.

“As férias eram no sul da Bahia. Nós saíamos de Brasília, passávamos por Belo Horizonte para pegar uns parentes, e como numa caravana partíamos para Mucuri”, lembra. 

Porém, a curiosidade pelo surfe e a possibilidade de se tornar ilustrador e autor de livros infantis, surgiram quando Campante se mudou para o Rio de Janeiro, cidade onde vive e aprendeu a surfar.

“Aprender a surfar sempre foi um sonho, mas não me sentia capaz de realizar. Aos 30 anos resolvi aprender. Foi depois de me machucar jogando bola, me dei conta de que se eu quisesse realizar sonhos deveria fazer logo, não havia mais tempo para perder.”

Depois de aulas de surfe no Arpoador e hoje com uma fish biquilha, Campante tira o peso de uma rotina de trabalho home office intensa.

“O surfe para mim foi muito libertador, porque eu sou muito caxias com trabalho e poder começar o dia depois de ter surfado, tira um peso. Trabalho em casa desde 1998, e a rotina vai te sufocando O surfe é uma libertação”. 

“Baleia” surgiu em uma noite

“Baleia veio em uma noite. Pensei na mensagem do mar pedindo socorro, vindo em garrafas, de um menino. Então peguei o celular e anotei a ideia, no dia seguinte trabalhei na história.”

Tudo parecia perfeito e a história de Campante estava redonda, quando o sogro fez um alerta: “Mas, Sérgio, cachorro na praia não é proibido?”

“Aquele recado foi um balde de água fria e ao mesmo tempo a melhor coisa que aconteceu, porque a partir dali tive que pensar em uma solução. De fato, o garoto não poderia chegar à praia com seu cachorro. A saída para o problema foi libertadora.” (Não daremos spoiler, compre Baleia para descobrir o que acontece com o cachorro).

Nanquim e pincel tornam Baleia uma obra de arte para crianças

‘Baleia’ é de uma beleza que impressiona. De fato não é mais um livro infantil com uma mensagem necessária. É lindo de ler!

Desde que me tornei mãe, aguardo o momento de ler para meu filho, já que os livros são parte de uma memória afetiva importante, e que talvez tenha contribuído para a escolha da profissão. Não sei como os livros serão para meu menino, mas a verdade é que estou exigente. Fico horrorizada com histórias como a de João e Maria, por exemplo, na qual meninos e meninas correm o risco de serem cozidos e devorados! Que horror!

O Menino que sempre amou o mar. Reprodução “Baleia” (Editora Voo).

Na contramão de tudo isso está ‘Baleia’. Além de lindo, a mensagem é atual e necessária. Campante fala sobre como ele deseja que seu recado seja passado às crianças.

“Uma preocupação que tive no livro é não passar às crianças, a responsabilidade de recolher lixo, não é esse o recado. Não quero que elas se sintam culpadas por um problema que já existe. Quero apresentar a questão com que elas vão precisar lidar, mas que não é culpa delas. Existe o problema e a solução não é sair catando o lixo. Também não tenho pretensão de encontrar solução para o lixo nos Oceanos, longe disso. É um debate que a sociedade tem que fazer”, explica. 

“Baleia” para três mulheres

O livro Baleia é dedicado a Duda, Carla e Teresa. Com filha, companheira e mãe, o autor fala sobre a figura da mulher. “Três mulheres fortes na minha vida. Fui criado pela minha mãe, amo muito meu pai, mas desde de que eu era muito pequeno ele viajava muito. Então, minha mãe sempre foi muito presente. A presença feminina na minha vida é muito grande. E ser pai de uma menina é maravilhoso, a Duda é meiga, companheira, sagaz, ela tem uma perspicácia e uma relação de cumplicidade muito grande. Apesar de que agora, com essa pandemia, ela está um pouco cansada com a minha presença (risos). E a Carla foi fundamental para o livro, porque foi minha primeira leitora e confidente. A emoção dela ao ouvir a história pela primeira vez me deu muita força para seguir com o projeto”.

Carla, Duda e Sérgio. Foto Arquivo pessoal.

Pandemia e divulgação congelada

A pandemia destruiu o sonho de muita gente. Projetos pessoais deixados de lado, empregos perdidos, fome. O tsunami da Covid-19 é de fato arrasador.

Para ‘Baleia’, não houve clubes de leituras, encontros entre crianças, ações em escolas públicas, todas as atividades que já estavam previstas antes do lançamento e da onda virulenta. 

“A leitura une as pessoas, tenho esperança de que ainda consiga trabalhar e realizar coisas bacanas com ‘Baleia’, especialmente entre as crianças”.

Papel pedra e saquinho que já foi rede de pesca

O livro infantil ‘Baleia’ é confeccionado em papel pedra e embalado em uma sacola que já foi uma rede de pesca. As inovações são frutos da parceria da Editora Voo com a empresa Positiva.

“Eu não conhecia o papel pedra, quem trouxe a ideia foi a Claudia, que é editora da Voo (editora). Esse papel veio como uma alternativa muito bacana, vai muito ao encontro da mensagem do livro. Porque não é só nosso lixo, que temos que cuidar, é preciso pensar no consumo de forma geral.”

“A editora Voo colocou o projeto em outra dimensão, pois trouxe dois elementos que conversam muito bem com o livro: o saquinho e o papel pedra. Fechou uma espécie de ciclo: a impressão do livro, a embalagem e a mensagem”, finaliza Campante.

Baleia está disponível para venda através do site da editora VOO e da Positiva, pelo valor de R$49,00. 

Capa do livro infantil “Baleia”, certamente uma ótima maneira de ensinar crianças sobre a importância da preservação dos oceanos.

Sobre o autor

Origem Surf

Janaína Pedroso surfa há 21 anos. É formada em Comunicação Social/Jornalismo, com especialização em Roteiro para TV, Teatro e Cinema. Já atuou como apresentadora com passagens pela Globo, Band e CNT e como repórter para Editora Trip. Atualmente divide seu tempo entre a maternidade, o surfe, a produção de textos e à frente da empresa de comunicação Origem Press.

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2 Comentários

  1. asrf

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