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O dia em que Waimea entrou para a história, por Ricardo Taveira

por | jan 15, 2019 | Dicas, Lifestyle, Notícias, Opinião | 1 Comentário

E lá se vai mais um dia sem onda e uma certeza: o verão é uma das temporadas mais ingratas para os surfistas

Já tem alguns dias desisti de olhar a previsão. Não sou das mais assíduas com relação aos boletins diários que muitos sites disponibilizam sobre as condições de surfe, mas confesso que as últimas vezes que fiquei na expectativa por ter lido boas notícias acabei frustrada. “O swell passou por fora”… ah tá…

Para alimentar nossas almas com power surf, ondas fortes, emoção e adrenalina confira o relato de um dos dias mais célebres do Havaí, ano passado, vivido por Ricardo Taveira, surfista, mergulhador profissional, instrutor de apneia e de primeiros socorros.

SWELL IMENSO FEZ WAIMEA QUEBRAR, perigosamente, DE GALA

por Ricardo Taveira

A temporada de ondas no North Shore de Oahu, no Havaí, começou forte em 2018 com várias ondulações de porte médio, constantes e perfeitas, fazendo a cabeça dos surfistas de outubro a meados de novembro. Até ali, porém, nada realmente grande tinha quebrado no North Shore.

Até que, no domingo, 25 de novembro, chegou o primeiro swell de tamanho XXL da temporada. Waimea Bay então quebrou de gala por três dias consecutivos. No dia seguinte a ondulação atingiu seu tamanho máximo. E ele era muito maior do que o previsto.

Tive sorte e peguei várias ondas boas. Mas isso foi somente depois de conseguir me acalmar respirando profundamente pelo diafragma por quase uma hora e meia lá no pico. Só então peguei a primeira onda da minha sessão, que durou 5 horas seguidas.

Na manhã daquela segunda-feira a baía de Waimea fechava a cada 20 minutos. Estava quase impossível varar a arrebentação, pois as ondas quebravam com muita energia. Vi um surfista quase se afogar na minha frente, enquanto esperava as séries darem uma trégua para poder remar para o pico. Ondas extremamente fortes fecharam em cima dele e o jogaram para o lado, bem embaixo das esquerdas cavernosas do canto da praia. Aquele surfista tomou tanta onda grande na cabeça que pensei que iria mesmo se afogar, mas graças a Deus ele foi cuspido do mar sem perder a consciência.

Eu assistia a tudo enquanto esperava o momento certo de cair na água. Graças aos treinamentos de respiração e apneia para o surfe — em que tenho focado e me dedicado tanto nos últimos anos — consegui me acalmar e controlar minha ansiedade nesse dia histórico aqui no Havaí. Além de contar com toda a experiência adquirida nesses anos de treinamento intensivo, tive uma mão da sorte. Consegui varar a área de arrebentação de Waimea sem que uma série gigante fechasse todo o canal, mas confesso que estava com muito medo e minha ansiedade ia a mil.

Lá fora, o mar estava imenso. O swell marcava 19 pés com 19 segundos. Isso fazia com que as ondas, além de ficarem grandes, entrassem grossas. Não foi um swell normal. A última marcação assim foi durante a famosa temporada de El Nino em 2015/2016. Faziam 3 anos que a baía de Waimea não recebia ondulações tão fortes. Foi um swell de nível Eddie Aikau! Foi também um show de surf com pouca gente e ondas gigantes sobrando, pois muitos surfistas ali fora não quiseram as maiores do dia.

Estava realmente sinistro na parte da manhã, quando o swell atingiu sua força máxima. Entre os brasileiros presentes, estavam Alessandro Costa, Evaristo Kiko Ferreira, Daniel Skaf, Bruno Silva, Rafael Kroeff e eu. Todos concentrados, botamos pra baixo! Tive sorte e peguei várias ondas boas. Mas isso foi somente depois de conseguir me acalmar respirando profundamente pelo diafragma por quase uma hora e meia lá no pico. Só então peguei a primeira onda da minha sessão, que durou 5 horas seguidas.

Regra número 1: mantenha a calma

Para conseguir se acalmar em situações de muita adrenalina e estresse, a ideia é fazer uma respiração padronizada, iniciando a inspiração pela parte inferior dos pulmões até o ar chegar ao peito acima e, em seguida, expirar lentamente, restringindo a saída de ar para que ele dure mais tempo dentro dos pulmões.

A técnica aumenta a difusão de oxigênio, melhora a oxigenação do organismo e, consequentemente, aumenta seu foco, energia e autoestima. Aí então, se você tiver de segurar a respiração por mais tempo, isso pode ser feito com mais facilidade.

É dessa forma que nos preparamos para a apneia. O que muita gente não sabe é que para poder ter uma boa apneia, é preciso focar o trabalho na respiração — o que resulta em todos os outros fatores positivos e essenciais para surfar melhor e com mais segurança.

*Ricardo Taveira é surfista, mergulhador profissional, instrutor de apneia e primeiros socorros. Atualmente, ministra cursos de apneia e sobrevivência para surfistas no Havaí e mundo afora. Ricardo é proprietário da Hawaii Eco Divers & Surf Adventures, empresa de mergulho, surf e ecoturismo no Havaí.

Ricardo encarando o swell em Waimea. Foto Butch Youmans

Sobre o autor

Origem Surf

Janaína Pedroso surfa há 21 anos. É formada em Comunicação Social/Jornalismo, com especialização em Roteiro para TV, Teatro e Cinema. Já atuou como apresentadora com passagens pela Globo, Band e CNT e como repórter para Editora Trip. Atualmente divide seu tempo entre a maternidade, o surfe, a produção de textos e à frente da empresa de comunicação Origem Press.

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