No Dia Internacional da Mulher o blog apresenta mulheres e projetos que por meio do surfe, têm ajudado a transformar o cenário do esporte no país
Elas podem não ser as melhores surfistas, nem surfarem as maiores ondas, muito menos possuírem grandes recordes mundiais. Porém, todas elas têm conseguido um trunfo e tanto: empoderar a si mesmas e a outras mulheres por meio do surfe.
Caroline Lucena e o ‘Jornal Drop’
A frente do Jornal Drop desde 2007, quando resolveu comprar a empresa do então dono e fundador Luiz Felipe Fernandes, Caroline Lucena orgulha-se em ser o que ela chama de uma “boa representante do trabalho profissional que envolve o surfe”.
Não é para menos. Afinal, além de mergulhar de cabeça e tocar uma publicação impressa por oito anos (o jornal foi descontinuado em 2015, com a impressão da edição 121) a profissional segue atuante em um mercado quase todo masculino.
“Continuo desenvolvendo trabalhos relacionados ao surfe como a organização do Festival Lagoa Surfe Arte, entre outras coisas como a pesquisa e produção do documentário “Criado nas Ondas”, com Zaka Kappel e Donavon Frankeinreiter”, conta.
Sobre o surfe feminino Carol relembra a satisfação de integrar um time com mais de dez mulheres à frente de um festival sobre a cultura do surfe e como a experiência serviu para entender o significado da palavra “empoderamento”.
“A troca de informação e a proximidade com outras mulheres gera o empoderamento feminino, porque é possível perceber o potencial gigantesco que as mulheres têm, seja no aspecto organizacional, o cuidado com os detalhes ou uma entrega muito grande; qualidades femininas que são notórias na hora em que você desenvolve um trabalho”.
A vivência adquirida pelos anos de trabalho em diferentes áreas de atuação, mas sempre relacionado ao tema, faz com que a publicitária enxergue o futuro com bons olhos.
“O fato é que muitas das organizações, ações e eventos de surfe, basicamente, ainda são comandadas por homens. Mas, felizmente e conhecendo o mercado, posso afirmar que há um crescimento notório do envolvimento das mulheres perante essas questões.”
Lívia Aparecida de Sousa e o ‘Surfnelas’
Ao lado de mais quatro mulheres, Valéria, Elisa, Aline e Laísa, Lívia comanda há três anos e nove meses o projeto “Surfnelas”, que nasceu de maneira despretensiosa ao compartilhar sua rotina de surfista no Instagram.
“Sempre que íamos para a praia e postávamos fotos dos nossos dias de surfe, as pessoas interagiam perguntando onde era, o que fazíamos da vida, se vivíamos de surfe”, conta Lívia.
Depois de servirem como fonte de inspiração para homens e mulheres, o Surfnelas tomou outras proporções. “Começamos com festas para capitalizar e assim conseguirmos organizar grupos como retiros e outras ações envolvendo surfe”.
Lívia conta que hoje sua missão é ampliar a rede de conexões e promover discussões a respeito de surfe sustentável. Por isso, surge a campanha #compartilheosurfe. A ação prevê doação de pranchas, meio ambiente e surfe para crianças.
“Não somos salvadoras da pátria e nós sabemos que nesse contexto nem tudo são flores. Mas o que fazemos é com amor e respeito pelas mulheres, pelo surfe e por quem admira o esporte.”
Vanessa Bertelli, Cristiane Brosso e a ‘Longarina’
A Longarina, sob o lema “surf como conexão da mulher com a sua essência”, pode ser considerada um turbilhão efervescente em constante metamorfose.
Visionárias e entusiastas, Cris Brosso e Van Bertelli dão um tom de radicalidade para o movimento do surfe feminino no Brasil. A Longarina, que existe desde 2013, pode não ser a precursora, mas certamente é capaz de ditar comportamentos que extrapolam os perímetros do surfe feminino, propriamente.
A dupla faz jus à complexidade do “ser mulher”, que jamais deve ser reduzida a um único elemento, como o surfe, por exemplo.
Dessa forma, a Longarina reúne mulheres que querem aprender a surfar, mas também fomenta pautas como masturbação, “sagrado feminino”, arquétipos e sobre a lógica ou a falta dela no que diz respeito à orgasmo, entre muitas outras coisas.
A dupla é responsável por unir mulheres nas mais diversas questões sejam elas particulares e, portanto, advindas de cada uma das mulheres que busca a Longarina com a missão de aprender a surfar, sejam coletivas e que tratem de aspectos mais amplos da sociedade como o machismo na indústria do surfe, por exemplo.
“Estamos em um processo complexo nesse momento, que honestamente não sabemos ao certo qual será o resultado”, diz Van sobre os próximos passos da Longarina.
Uma coisa é certa, a rede cresce e a agenda de encontros esse ano que inclui Amazônia (que não tem onda) e destinos internacionais como a Indonésia, colocam a Longarina em um outro patamar, no mínimo diferenciado.
Nesse Dia Internacional da Mulher, um agradecimento especial à jornalista e empreendedora Alexandra Iarussi, à fotógrafa Suellen Nóbrega e a todas mulheres que de alguma forma tornam o ambiente do surfe mais acolhedor e amoroso.
Por Janaína
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