Tem coisa que só acontece dentro d´água. Dizem os mais românticos (já fui dessa turma, hoje tô mais cética e, portanto, permaneço estacionada na fase do questionamento) que o surfe é um esporte mágico. Logo, enquanto se está surfando devem ocorrer ocasionalmente alguns eventos de magia

por Janaína

Apesar de olhar o surfe hoje em dia de maneira mais prática, ainda acredito que surfar seja transformador e, de certa forma, fantástico. Mágico ou não, há quem defenda que a modalidade não passa de mais um esporte qualquer e que outros esportes sejam incrivelmente fascinantes. Típica discussão que leva ninguém a lugar algum.

Por isso serei objetiva. Só um parênteses aqui: isso não é estatística. Portanto, não leve ao pé da letra o que escrevo. Daqui a pouco vai ter gente me xingando porque não aconteceu com ele o que eu falei. Veja bem.

Seguindo. Tudo começa com o contato direto com a água salgada. Se você ainda não conhece o poder transformador de um banho de mar, peço imediatamente que abandone a leitura. E nessa primeira “magia” enquadram-se outros sortudos, como praticantes de SUP, longboard, bodyboard, surfe de peito e outras modalidades praticadas no mar.

Outro fator mágico é o deslizar sobre a onda, ganhando velocidade. Esse momento você experimenta logo de cara, o que te faz ficar viciada, ou como dizemos “amarradona” (amarradão).

O terceiro ponto de deslumbramento é quando se pode dominar a velocidade. Assim, você passa a comandar sua prancha de surfe. É desse encantador estágio que nasce uma manobra. Aí, pronto, você está pega (o).

Nem tudo são tubos

É mágico sim, mas poderia ser feitiço, já que é dura a trajetória de um surfista. Ainda mais se tratando dos ocasionais. Aqueles sujeitos que surfam de final de semana, e em decorrência de trabalho ou vida pessoal, abandonam um pouco o surfe e nem de final de semana o coitado (a) surfa mais. Passei anos nessa vida e não desejo a ninguém.

Tem dureza no meio profissional também. Abdicar de lazer pra treinar todo dia, arriscar a vida numa carreira que não costuma ser valorizada, viajar até a China e perder de cara. Enfrentar uma rebentação pesada e passar a queda inteira surfando mal pra burro. Passar anos tentando pegar um tubo daqueles de Cinema.

Mas, voltando ao assunto, tem outras magias que acontecem com quem surfa. Já falamos desta aqui, aliás, que aviso, é raridade e talvez você nem queira sentir. Só que tem uma magia específica que é um mistério pra mim e tem acontecido com certa frequência.

Falo sobre uma espécie de “superpoder” adquirido quando se surfa ao lado de uma (um) profissional.

A primeira vez que senti foi recentemente, quando a Maré do Surf Feminino esteve por aqui #saudade… Surfei ao lado da Julia Santos por quase uma semana, e de outras profissionais durante pelo menos uns quatro dias seguidos. E meu amigo (a), aprendi horrores.

Observar outras mulheres na água faz toda a diferença pra mim por razões óbvias. Mas funciona com e entre homens também, óbvio. Ontem mesmo vi o caçula Dantas na água, que surfe tem esse rapaz! Lembro-me dele ainda criança voando ao surfar.

Para finalizar e brincadeiras a parte, é um privilégio “surfar ao lado” de gente tão talentosa. Mágico ou não, respirar surfe é uma dádiva.

PS.: tem coisa mais fascinante que um tubo?

Foto de capa Pato Vacc / Prancha mágica Zampol Surboards