Em busca de autoconhecimento e propósito, decidi fazer um retiro espiritual em meio à Mata. Mal sabia que hoje estaria sendo aconselhada a isolar-me, de fato.

Sou filha única. Não sei se por isso ou pela natureza humana, durante muito tempo da minha vida lidei mal com a solidão. Reitero: detestava estar só. Aliás, o surfe foi o primeiro esporte individual que pratiquei, antes vieram vôlei, futebol, pois adorava estar em equipe.

por Janaína Pedroso

No sertão de Ubatumirim está o Banana Bamboo Ecolodge. Foto Daniel Gutierrez.

Sabe-se que solidão não é saudável a quem quer que seja. E a propósito, o isolamento físico, diante da nova ameaça tem sido desafiador, porém necessário.

Mas qual a diferença entre solidão e estar só? Qual o sentido de calar-se, de isolar-se? Descobri, recentemente, que são muitos.

Embora não saiba mais o que é estar só há 24 semanas, desde a descoberta da gravidez, a gestação me fez rever hábitos e escolhas. 

Além disso, reconhecer meus limites físicos tem sido, especialmente, regra nesta nova condição. Então, quando a previsão de ondas aponta para além de um metro, eu arranjo outra coisa pra fazer. E tudo bem.

Mery Fassi guiou as práticas. Mais tarde ela iria me guiar na atividade mais emocionante da ‘minha jornada’. Foto Daniel Gutierrez.

Portanto, foi assim que passei um final de semana de “altas ondas”, longe do mar. Entre meditação, Kundalini Yoga, silêncio, rodas de conversas sobre empatia (como ando precisando disso), permacultura, mais Natureza e silêncio. Durante o encontro “Uma jornada à alimentação consciente”, promovido pela Amana Jornadas.

Afinal, qual é seu propósito nessa vida?

O encontro, promovido pela Amana Jornadas, empresa de Turismo que tem como objetivo desenvolver viagens com propósito, mexeu de fato comigo. 

Aliás, voltando um pouco ao início desse texto, além de medo de estar só, o tal do propósito sempre foi um alvo a ser perseguido na minha trajetória. 

E, de novo, acredito que seja uma condição humana. ‘Ser ou não ser, eis a questão”, quem sou, para onde vou, como vou? 

Eu durante a trilha para a cachoeira do Tombador. Foto Mery Fassi.

O ser humano já nasceu se perguntando qual é sua função nesse rolê todo.

Então, passei pouco mais de 48 horas, no meio da Mata Atlântica, em um ecolodge localizado no meio da Floresta. 

O Banana Bamboo não foi à toa. De acordo com Paula Paze, proprietária da Amana, o lugar para o encontro foi escolhido “a dedo”. 

“Primeiramente queríamos um retiro próximo a São Paulo, também temos muitas coisas que convergem para Ubatuba. Depois de conhecer pessoalmente o Banana Bamboo, tive certeza de que não poderia ser em outro espaço. Tem tudo a ver com a Amana, desde a alimentação, lugares de prática, os quartos e principalmente a parte das práticas sustentáveis, falamos a mesma língua.”

Paula Paze, proprietária da Amana Jornadas.

Em tempos de coronavírus, o papel da alimentação saudável

O coronavírus já era uma questão mundial quando decidi me isolar no ecolodge e aprender a ter mais consciência com minha alimentação.

Apesar de não ter evitado abraços e apertos de mão, pelo contrário, e sem nem saber da importância de manter a imunidade em dia diante da nova ameaça, foi lá que me inteirei sobre os “milagres” do suco verde e do consumo de alimentos crus e orgânicos. 

Oficinas de suco verde, smoothies e petiscos veganos estão inclusas no pacote. Foto Daniel Gutierrez.

Conheci Mari Serrano, que me deu uma receita magia de suco verde, dicas preciosas e um coador de voal (tô me sentindo muito Bela Gil, a propósito!).

Receita de suco verde da Mari Serrano:

Ingredientes (bom senso nas porções) :

Suco verde da Mari Serrano.

Couve, azedinha (panc), abobrinha, maçã, cenoura, rama da cenoura, gengibre, cúrcuma, rúcula, limão, salsinha.

Preparo:

No liquidificador, coloque a maçã, abobrinha (picadas), gengibre, cúrcuma e o limão espremido. Essa ordem é importante! Depois de batido adicione a couve e a rúcula, e bata de novo. Junte a cenoura, a salsinha e termine de bater. Coe no voal e beba em seguida!

Sem mar, com cachoeira

Embora ame o mar, a cachoeira é espaço sem precedentes quando o assunto é “lavar a alma”.

Foi a caminho de uma das cachoeiras mais belas de Ubatuba, o Tombador, que me emocionei profundamente. 

Com os olhos vendados, fui guiada pela atividade conduzida por Samuel Gabanyl. Nunca havia feito uma trilha sem poder enxergar onde pisava. Estranhamento, medo, aflição, insegurança e a necessidade de confiar no outro.

Ao final chorei. A emoção veio da entrega, do ato de confiar cegamente (no sentido literal) em alguém que havia conhecido um dia atrás, e de valorizar nossa saúde e sentidos.

Poderia escrever um texto só pra esse momento, mas escolho deixar para mim e para quem esteve presente no dia. 

Yoga na gravidez, uma alternativa ao surfe

A jornada à alimentação consciente também foi regada de Yoga. Se você não sabe o que é isso, pare tudo agora e vá fazer uma aula. Quer dizer, agora não, espere a pandemia passar e faça uma aula experimental de yoga.

Já tem anos que pratico, apesar de não ser minha principal atividade, tenho a Yoga como o surfe. É uma atividade que promove, além da saúde e bem-estar físico, a parte mental. Adoro esquemas “dois em um”.

Sob a condução da Mery Fassi, fui levada a uma prática leve e renovadora de Kundalini Yoga.

Por fim, Amana, a água que cai do céu, em Tupi

Surgida ao final de 2018, a agência Amana Jornadas veio da inquietação da proprietária, Paula Paze, que há cinco anos comandava um departamento dentro de uma empresa do ramo de Turismo de Luxo.

De acordo com Paze, a partir de um dado momento as coisas ficaram sem propósito. “Aquilo já não fazia sentido pra mim. Sempre me conectei com Yoga, autoconhecimento, na minha vida inteira. Então, saí e deixei a vida me mostrar o que tinha pra mim.”

Amana em Tupi significa água que cai. Ela me explica, ao som da chuva caindo e ao final da nossa Jornada, a razão do nome.

Paula Paze, da Amana Jornadas. Foto Daniel Gutierrez.

“Amana é água que cai do céu, e somos água. Então o sentido de “água que cai do céu” é uma renovação de nós mesmos, da mesma água que já somos. Porque nosso objetivo é transformar e conectar mais as pessoas por um mundo melhor.”

Para finalizar, a jornada me guiou ao encontro de mim. De maneira que resgatei sentimentos que andavam quietos, emoções contidas por inúmeras razões e até atitudes que eram parte da minha essência, mas que por algumas razões andavam adormecidas, anestesiadas.

Segundo a Amana, jornada é viagem com propósito, é se colocar de novo no trilho certo, no caminho da própria vida. 

Já disse que ando otimista, e deve ser os efeitos da chegada do Antônio na minha vida, mas além do otimismo, resgatei, com esse encontro, a esperança na humanidade.

As fotos magníficas são de Daniel Gutierrez 🙂 brigadista em Alter do Chão e incansável defensor das Florestas!

Confira a galeria:

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