A longboarder, que esteve em Ubatuba, ficou hospedada em Itamambuca, onde surfou e falou sobre como a quarentena mudou sua forma de enxergar o surfe, a nova rotina sem competições e o que tem feito durante a pandemia

por Janaína Pedroso

Você esteve em Itamambuca, veio a passeio?

Sim, vim a passeio com meu pai. Aproveitamos pra fazer uma surf trip juntos. Ubatuba é um lugar mágico, que não ia há muito tempo. Foi muito bom ficar mais reclusa e imersa na Natureza essa semana.

Chloé em Itamambuca. Crédito da foto Felipe Sene.

Como tem sido a nova rotina sem competições?

Diferente, mas ao mesmo tempo tenho trabalhado bastante minha parte física, treinando forte todos os dias, praticando yoga, cuidando da alimentação. Tudo em casa mesmo. E aproveitando pra surfar o máximo possível. 

Esse tempo sem viagens me permitiu focar na faculdade. Faço Administração a distância na Estácio e também aproveitei pra aprender francês, que era uma coisa que eu tinha muita vontade. Então, foi bom em termos de autoconhecimento e para estudar também.

Tô aproveitando pra surfar com pranchas que, normalmente, quando estou treinando para competir, não acontece

O ballet de Chloé. Foto Felipe Sene.

Quais os planos diante desse cenário? Há algum evento no radar?

Todos os eventos de longboard foram cancelados esse ano, tanto os da WSL quantos os festivais. Então, possivelmente, o cenário de competição só vai voltar com tudo em 2021, é o que eu espero! Tô aproveitando esse tempo pra testar pranchas diferentes, produzir conteúdo, surfar outras ondas, experimentar manobras novas e reaprender a surfar sem a pressão da competição.

Que pranchas têm testado?

Tô aproveitando pra surfar com pranchas que, normalmente, quando estou treinando para competir, não acontece. Então, tenho surfado bastante com uma ‘mid length’ 6´8, que pra mim é uma ‘pranchinha’, mas minhas amigas metem o pau dizendo ser um ‘mini long’ (risos). Mas é uma boa prancha de transição, da pequena pra grande, um modelo que tá ‘famoso’, e tenho gostado muito. Acabo usando as mesmas quilhas do longboard, mas tem opção de usar single fin, quadriquilha, biquilha. Enfim, tenho gostado muito. Também estou experimentando outras pranchas, para mar grande e outras mais clássicas.

“O simples prazer de botar o pé na areia, molhar o cabelo na primeira onda, o primeiro contato com a água…”

Surfe com chuva. Crédito Felipe Sene.

E sobre as manobras? O que está treinando?

Estou aproveitando pra treinar bastante o “stretch five” e o “hang heels”, que é o “hang ten” de costas, caminhando na prancha de base trocada, essa está no forno!

Como você encara o surfe?

Essa quarentena me ensinou muito sobre o sentido do surfe pra mim. Por vários anos foi algo voltado totalmente para competição e resultado. Agora, com a quarentena, cheguei a ficar mais de dois meses sem surfar, acho que foi o máximo de tempo que fiquei afastada do mar. Isso me fez redescobrir a paixão pelo surfe e pelo simples contato com a Natureza.

Então, hoje em dia, eu tenho conseguido ver o surfe com outros olhos, que acho que possivelmente foi a maneira que eu via quando comecei. O simples prazer de botar o pé na areia, molhar o cabelo na primeira onda, o primeiro contato com a água e a diversão de aproveitar qualquer tipo de condição, independente de performance, da prancha que você está, se você está sozinho, com gente. Enfim, mais pelo prazer e simplicidade de aproveitar o momento presente.

Crédito das imagens: Felipe Sene.