Ondas de esperança: a frase é demasiada piegas, eu sei. Mas temo que se não escrever logo sobre isso, esse texto cairá no meu esquecimento. 

por Janaína Pedroso

Meu filho completou seis meses há pouco, e meu raciocínio ainda não voltou ao normal. Horas de amamentação, madrugadas de sono interrompido, blogue, clientes, cozinha, limpeza, roupas para lavar. Se fosse isso já seria o suficiente. 

Porém, tenho ainda um estorvo chamado Bozó (não consigo escrever o nome. Para o título já foi minha cota), me beliscando a mente, aquele beliscão mais doído. Como esse senhor atrapalha! É tipo uma arrebentação interminável, Mongaguá nos seus dias mais generosos, multiplicado por mil! 

Pois bem, a tal da onda de esperança é a chegada da vacina. Graças ao Doria (meu Deus, quando imaginei agradecer ao senhor dos suéteres?, o mundo anda mesmo louco!). O Brasil deu o ‘start’ rumo à imunização e o Bozó percebeu que tirando os lunáticos negacionistas, o Brasil quer vacinas. 

De certo que ainda há MUITO por esperar, mascarados continuaremos, pelo menos os ‘idiotas’ como eu. Álcool gel, paranoica lavagem das mãos, doses generosas de própolis e a tal da esperança. Surfe, meditação, caminhadas e boa alimentação. 

Mas que saudade estava de sentir fé nesse país. Demorou, é verdade, pois temos o delirante, claramente incompetente. Fico imaginando meu filho, daqui a 10 anos, nas aulas de história, qual terá sido o legado do senhor que ama armas e odeia sua gente?

surfista fascista?

Dia desses, a colunista desta Folha, Tati Bernardi perguntou como é possível um surfista fascista existir. Confesso que relutei em acreditar que a escritora tinha razão (e tem, com certeza!). Apesar do próprio Bozó Filho ser um surfista, e de realmente haver uma infinidade deles espalhados por esses mares, devo crer que a maioria dos surfistas não é dessa praia. 

Há fascistas e bolsonaristas (não acredito que todo bolsonarista seja fascista, mas sem dúvida todo fascista é bolsonarista) em todas as modalidades esportivas. 

Certamente, o surfe é para muitos um esporte como outro qualquer. São raros os brutos que conseguem intuir a verdadeira essência, sentir a liberdade, realizar a conexão com o sagrado, viver a energia das águas, do sol, das montanhas. Brutos, são apenas brutos.

Embora haja uma boa quantidade de grosseiros, nós temos esperança.

Que a Ciência seja enfim valorizada, afinal é inacreditável termos em tão pouco tempo essa quantidade de vacinas disponíveis. 

Por fim, recuperar a fé na humanidade é sempre bom. Mesmo que seja por algum momento, ou até lembrar que essa mesma humanidade foi capaz de eleger Bozó. 

Apesar dele, sempre haverá surfe. Pelo menos aos que ainda estiverem vivos.

Nas horas vagas faço montagens…rsrsr…