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‘Mulheres não eram levadas a sério pela indústria do surfe’, diz Christopher Nelius, diretor de ‘Girls Can´t Surf’

por | abr 13, 2021 | Destaque, Entrevistas, Surfe Feminino | 15 Comentários

Em cartaz nos cinemas da Austrália, e a dois meses de estrear no Festival Internacional Tribeca, o documentário ‘Girls Can’t Surf’ (Garotas não podem surfar), dirigido por Christopher Nelius, conta a história de um grupo de surfistas que travou verdadeira saga para surfar, enfrentado machismo,  misoginia e homofobia que imperavam no surfe da década de 80.

por Janaína Pedroso

Em entrevista ao site, Christopher Nelius fala como surgiu a vontade de contar a história desse grupo de surfistas que, literalmente, permitiu com que o surfe feminino se tornasse o que é hoje.

Pergunta – Por que fazer um filme sobre a história das mulheres no surfe?

Resposta – Duas razões. Em primeiro lugar, fiz um filme chamado ‘Storm Surfers 3D’, em 2012, que era sobre dois surfistas homens da década de 80, Ross Clarke-Jones e Tom Carroll. Eles são grandes amigos e costumavam me contar histórias hilárias de como eles se desdobravam para conseguir participar dos eventos na época. Então, em algum momento, comecei a me perguntar como, nesse planeta Terra, as mulheres faziam isso?

A outra razão é que no lugar onde surfo há vinte anos, notei que o volume de mulheres na água aumenta incrivelmente. Comecei a me questionar se elas conheciam Pam Burridge, Wendy Botha e por aí vai. Há tanta cultura do surf por aí contando sobre a história, lendas e mitos do surf masculino, mas tão pouco sobre as mulheres. Então comecei a tentar descobrir mais.

‘Girls Can´t Surf’ em cartaz na Austrália. Foto Madman Films.

P – Qual a maior contribuição de ‘Girls Can’t Surf’, de forma geral?

R – Nós precisamos contar mais a história das mulheres. As mulheres nesse filme são incríveis, apaixonantes e carismáticas. São capazes de fazer rir, chorar e inspirar. Wendy Botha e Frieda Zamba eram tão competitivas quanto Tom Carroll e Tom Curren, mas elas não eram levadas a sério pela indústria do surfe. Porque essa mesma indústria, não era capaz de ver valor nelas. Isso mudou completamente hoje, mas não foi uma mágica. Se você assistir ao filme vai perceber como tudo aconteceu, passo a passo. 

P – Você tem alguma passagem favorita do filme?

R – Há tanto no filme! Tenho notado que nos cinemas aqui da Austrália, as pessoas ficam realmente barulhentas e loucas quando se trata do trecho que mostra como as mulheres se apresentaram em um evento na África do Sul, no final dos anos 90. Mas os momentos que me pegam são definitivamente, quando cada uma delas ganha seus títulos mundiais. Principalmente Pam e Pauline.

P – Você falou recentemente com Sydney Morning Herald, sobre Pauline Menczer e a estátua que você gostaria que ela tivesse. Uma homenagem em troca do que ela fez pela história do surfe. Como vai essa história?

R – Está indo muito bem. Desde então, nos encontramos com o prefeito de Waverly (Bondi) e sua equipe e eles estão realmente apoiando a ideia. Então, vamos torcer! Precisamos arrecadar muito dinheiro e isso levará alguns anos, mas estamos determinados a fazer isso acontecer. Na Austrália, apenas três por cento das estátuas são de mulheres. Isso precisa mudar.

P – Qual a principal mensagem do filme?

R – Para mim, a mensagem é sobre as mulheres na sociedade, não apenas no surf. Isso demonstra claramente, para qualquer homem entender, exatamente com o que as mulheres precisam lidar para serem levadas a sério. Os homens raramente precisam lidar com o mesmo. E também mostra que, uma vez que as mulheres são levadas a sério e têm oportunidade, elas fazem do mundo um lugar muito melhor. Definitivamente, foi isso que aconteceu no surf. Veja como estamos agora. 

P – Você realmente acredita que um dia teremos igualdade no surf, não em termos de prêmios, mas na sociedade e no mercado em geral?

R – Não tenho certeza. As vendas de roupas de surf femininas superam as  masculinas. E agora o prêmio em dinheiro feminino é igual no CT. O significado de “ter igualdade” é provavelmente melhor respondido por uma surfista profissional do que por mim. Mas espere para ver o que vai acontecer no surfe feminino nos próximos 5 ou 10 anos. Agora que há mais incentivo para as mulheres seguirem uma carreira, acho que elas começarão a fazer coisas em uma onda que nunca poderíamos ter imaginado, e veremos eventos e competidoras como nunca havíamos visto antes.

P – Além da Austrália, o filme deve ser lançado em quais outros países? Chances de vir ao Brasil?

R – O filme com certeza será lançado internacionalmente. Vai ser exibido no Tribeca Film Festival, Nova Iorque, em junho de 2021. Então, esperamos começar a distribuição ao redor do mundo depois disso.

Assista ao trailer

Cartaz de ‘Girls Can´t Surf’, de Christopher Nelius. Foto MadMan Films


Sobre o autor

Origem Surf

Janaína Pedroso surfa há 21 anos. É formada em Comunicação Social/Jornalismo, com especialização em Roteiro para TV, Teatro e Cinema. Já atuou como apresentadora com passagens pela Globo, Band e CNT e como repórter para Editora Trip. Atualmente divide seu tempo entre a maternidade, o surfe, a produção de textos e à frente da empresa de comunicação Origem Press.

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15 Comentários

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  6. Sofia

    Nossa, fiquei imaginando para onde pode ir o surfe com a presença feminina agora cada vez mais forte. Apenas achei que o título do filme não ajuda muito chamando a atenção para o “não pode”, por que? Devia ser “Girls Can Surf” kkk

    • origemsurf

      <3 Sofi, que delícia sua presença por aqui!!

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