Os sintomas são fáceis de identificar: uma súbita vontade de acordar cedo, coração disparado ao ver as ondas quebrando, olho brilhando ao pegar uma prancha nova, pele bronzeada, cabelo ressecado, sorrisão no rosto… se você apresenta algum deles, não precisa ir ao médico, eu te dou o diagnóstico.

por Marcela Lima

Você foi picada (o) pelo mosquito do surfe e adquiriu uma surfite crônica aguda grave. A má notícia é que não há cura para esta “doença”. A boa é que você nunca vai querer se curar! (risos).

De agora em diante você vai querer que todas as suas viagens tenham uma praia – com ondas, óbvio – no roteiro. Você vai precisar abrir espaço no seu guarda-roupas para lycras, roupas de borracha, maiôs e biquínis.

Haverá areia pela casa, no carro, no seu ouvido, no couro cabeludo. Fazer o quê? São areias do ofício!

Você provavelmente terá no seu corpo o que alguns chamam de cicatrizes. Eu chamo de marcas de guerra. Porque o surfe pode machucar, sim. Ninguém está livre de um corte de quilha, uma pranchada no meio do crowd ou um ralado nas costas. Sua família e amigos mais próximos ficarão preocupados, mas você vai dizer a eles que está tudo bem e eles vão perceber que o bem que o surfe te faz é muito maior que qualquer machucado.

Umas pessoas te chamarão de louca por fazer tantos sacrifícios só para ter o prazer de deslizar numa onda. A verdade é que poucas estarão realmente preocupadas com você, a maioria delas queria mesmo era estar ali com você. Provavelmente velhas amizades não farão mais sentido, mas não se preocupe, o mar vai te trazer boas amizades.

Como uma onda no mar, a gente vem e vai. A gente muda, evolui, aprende, amadurece e no final acaba agradecendo por ter contraído a surfite crônica. E só quem surfa sabe, só quem surfa entende as dores e alegrias de ser uma surfista.

Cela Lima na Barra, Rio.

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