Não sei se todos têm a dimensão ou sentem como senti ao assistir Gabriel Medina e o surf de ontem, 29, nas Olimpíadas. Infelizmente, o trabalho que paga meus boletos me engoliu ontem, transformando o que deveria ser um dia tranquilo em uma segunda infernal. Para preservar minha saúde mental, ignorei completamente o que ocorria em Teahupo’o e sobre o esporte que move minha vida há mais de duas décadas.
Cheguei em casa por volta das 18h e encontrei mais de 200 mensagens no grupo dos surfistas jornalistas. Inicialmente, sobre o apagão de Filipe, depois, sobre a performance absolutamente incrível de Gabriel Medina. Rever o replay das baterias foi incrível. Vibrei, não da mesma forma que faria ao vivo, nem in loco ou em uma sala de transmissão, mas foi o que a vida permitiu.
Dentro das minhas limitações, realizei ontem sensações e sentimentos que me fizeram crer como o surf é absolutamente incrível. Diferente da estreia em Tóquio, com ondas ruins, agora o mundo pode assistir ao creme de la creme do surf. Pode ver o que fazem atletas destemidos e talentosos, desafiando a onda mais perfeita e poderosa do planeta.
É certo que há outras ondas tão poderosas quanto essa, como Pipeline, Uluwatu, G-Land, Teahupo’o… não me vem à memória outras tão perfeitas e potentes, capazes de oferecer tubos profundos, mostrando ao mundo a essência do surf, sua beleza, desafios e a comunhão exata entre ser humano e natureza. É um momento em que ambos fluem em completa harmonia, tragados ou não pela potência do oceano. Netuno e Iemanjá parecem surgir para nos lembrar que somos, de fato, parte da natureza.
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