Brasil conquista duas medalhas no surf com Tatiana Weston-Webb, prata, e Gabriel Medina, bronze. Apesar da conquista fenomenal, considerando que o surf está presente nas Olimpíadas há apenas dois anos, não foi uma noite fácil para os competidores, nem para nós apaixonados pela modalidade.
Tatiana e Gabriel fizeram uma campanha absolutamente memorável. Gabriel Medina, até a disputa na semifinal, foi indiscutivelmente o melhor surfista em Teahupo’o. Com cerca de 14 temporadas no pico, Gabriel conhece as ondas de Teahupo’o como nenhum outro competidor. O mar proporcionou apresentações épicas, especialmente no dia em que Medina mostrou ao mundo o que significa surfar com técnica e coragem. Nas palavras dele, aquele dia foi uma “questão de sobrevivência”.
De fato, às vezes esquecemos que seres como Gabriel sentem medo, mas eles sentem. Sua performance dentro daqueles tubos largos, capazes de acomodar até pequenos ônibus, rendeu fotos que devem ser eternizadas. Apesar de qualquer discordância sobre a potência da foto como ilustração dos fatos ocorridos naquele dia ilustre, não há como discordar da capacidade do surf de encantar. E aquela imagem encantou.
Entretanto, ontem deusas e deuses marinhos, não deram as maos a Medina. O mar estava manso, preguiçoso, de uma timidez irritante. Frustrados, assistimos Gabriel perder sem ao menos ter a chance de surfar. Sorte de Jack, que agraciado com um raro momento seguiu na disputa.
Já com Tatiana, o assunto foi outro. Ela entra para a história como a primeira surfista brasileira a conquistar uma medalha. Alcançou a prata, mas, se não fosse a subjetividade dos julgamentos, e até a postura tendenciosa de alguns juízes, estaria hoje com a medalha dourada. Sua disputa e luta foram excepcionais, e aquela onda certamente valia 5 pontos. Não deram.
Apesar da ausência do ouro, é com prata e bronze que celebramos a vida e a existência desses atletas. Gabriel e Tatiana dedicam suas vidas à performance, ao esporte, abdicando de inúmeras vivências. Cada um escolhe seu caminho e suas batalhas, isso é certo, e poucos chegam ao ápice do esporte, carregando no pescoço o peso do triunfo.
Que o Brasil entenda a potência do surf brasileiro, e que essas medalhas, especialmente a de Tatiana, motivem e inspirem infinitas gerações de meninas e mulheres capazes de fazer o que amam, sem serem julgadas frágeis ou qualquer outra bobagem.
Essas Olimpíadas comprovam ao Brasil a força e a garra da mulher brasileira.
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