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A cultura dos campeonatos de surfe por Dany Boi

por | jun 17, 2021 | Colab, Destaque, Entrevistas | 6 Comentários

Daniel Setton, conhecido como “Dany Boi”, foi um dos responsáveis por montar estruturas de palanques de campeonatos de surfe, além da logística Setton participou do OP 85, já mencionado aqui, e nos anos seguintes de 1986 e 87. 

Já em 1994, mudou-se para Florianópolis, e em 2003, iniciou no ramo de eventos, abriu empresa em sociedade com Alexandre Fontes. Ambos passaram a realizar os eventos da antiga ASP, hoje World Surf League. Após a transição da Association of Surfing Professionals à WSL, passou a coordenar os eventos da Liga na América Latina.

Especializado em montagem e desmontagem das estruturas dos campeonatos pelo Brasil afora, acumula mais de 50 campeonatos internacionais. Na entrevista à plataforma Origem Surf, ele fala um pouco sobre o que um campeonato de surf compreende: comissão técnica, juízes, imprensa, área para surfistas, amigos, técnicos, convidados “very important people”, patrocinadores e marcas. Tudo ocorre dentro de 1500 m2 de área construída, módulos e andares.

Uma vez definido o pico, local onde será o campeonato, monta-se a estrutura e sempre há um plano B que é uma sede de backup em outro local com condições diversas de vento e ondulação para garantir as melhores condições de ondas na etapa.

Pergunta – Como foi a experiência de montar o primeiro OP em 85? Você trabalhava na OP na época?

Resposta – Sim, estava trabalhando com o Sidão, Sidney Tenucci Jr, na OP e a marca estava bombando. Sentíamos a necessidade de montar um circuito brasileiro de surfe. Decidimos fazer um grande evento em 85 e ver o que iria dar. Montamos a estrutura na Joaquina toda em madeira, que compreendia área de juízes. Ela ficou ali por três anos sendo aproveitada a cada evento que acontecia na praia e virou propriedade da Associação da Joaquina. A única mudança de um campeonato para o outro era a programação visual que era toda pintada, pois não existia adesivagem na época, tínhamos que pintar toda identidade visual, era uma outra forma de trabalhar.

P – A partir daí o que ocorreu?

R – Em meados dos anos 80 as marcas de surfe no Brasil, representadas por surfistas amigos, viram que era possível fazer uma ativação como aquela sem gastar muito. Então resolveram, durante a etapa do mundial do Hang Loose 86, realizado na Joaquina, estruturar o primeiro circuito brasileiro com Op, Lightning Bolt, Sundek, Fico e Town & Country se uniram e fizeram acontecer.

Então, organizei campeonatos de 85, 86 e 87. Aí saí da OP e fui trabalhar com publicidade. Foi quando realmente aprendi a produzir, me mudei para Florianópolis e fui convidado para trabalhar no WCT com o Flávio Padaratz, Alexandre Fontes e Avelino Bastos e não parei mais. Passei a organizar etapas do QS (Qualifying Series) e CT (Championship Tour) aqui no Brasil. Foram muitos campeonatos internacionais e nacionais, que deram chance aos surfistas brasileiros para competir com os gringos (estrangeiros) de igual para igual, elevando o nível do surfe no Brasil. Quando a WSL entrou no mercado passei a ser executivo da liga como coordenador de eventos da América Latina.

P – Como são montadas as estruturas hoje em dia? Quanto tempo antes vocês começam a montagem? Me fala um pouco sobre o que é essa estrutura.

R – É muito diferente de 85. Hoje em dia, as estruturas estão todas pré-moldadas e são feitas em alumínio. Com as Olimpíadas de 2014, empresas internacionais vieram ao Brasil e se estabeleceram aqui, melhorando a oferta do setor.

Normalmente para colocar em pé um evento do CT demora 30 dias a montagem. A estrutura tem que abrigar: atletas e seus técnicos, equipe técnica, convidados, imprensa, patrocinadores, e a transmissão do campeonato que reúne mais de 60 pessoas. Hoje em dia são 13 câmeras responsáveis pela transmissão dos campeonatos ao redor do mundo.

OP Pro 85 Foto: Madinho/Arquivo pessoal.

P – Como funciona a estrutura móvel? Você já teve que mudar toda a logística de um campeonato?

R – A estrutura não é móvel e por causa da imprevisibilidade das ondulações, sempre montamos duas estruturas, de acordo com diferentes condições de ondulação e vento. Uma sede e outra menor, mas com todo o cabeamento previsto para a transmissão e estrutura de juízes e atletas. Em 2019, em Saquarema, as condições do mar mudaram e tivemos que mudar a estrutura toda em três horas. Foi uma loucura. Tivemos que usar um caminhão com batedores, pois o campeonato estava lotado e o trânsito das ruas era impossível, mas deu tudo certo. O campeonato que tinha iniciado em Itaúna terminou na Barrinha.

P – Como você enxerga a Brazilian Storm? Você acha que ainda teremos novos atletas no circuito?

O que está acontecendo no cenário internacional em relação ao Brazilian Storm é realmente impressionante, o fato de termos já três atletas brasileiros campeões mundiais fez e faz toda diferença para a nova geração acreditar que é possível. Acredito que o surfe brasileiro tende a evoluir e, com certeza, teremos novos campeões mundiais no futuro.

Sidão, Sidney Tenucci Jr e Dany Boi, Daniel Setton. Foto: Madinho/Arquivo pessoal.
Arquivo pessoal Danny Boi.
Sobre o autor

Origem Surf

Janaína Pedroso surfa há 21 anos. É formada em Comunicação Social/Jornalismo, com especialização em Roteiro para TV, Teatro e Cinema. Já atuou como apresentadora com passagens pela Globo, Band e CNT e como repórter para Editora Trip. Atualmente divide seu tempo entre a maternidade, o surfe, a produção de textos e à frente da empresa de comunicação Origem Press.

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