Certa vez ouvi de um surfista: “você tem que surfar de cabelo preso”. O tom do aviso não parecia uma dica. Afinal, ele estava longe de ser um especialista no assunto e sequer tinha cabelos longos
Até hoje a frase ecoa vez ou outra na minha cabeça e ainda me pergunto se havia algo subentendido no recado. Tipo: “amarre suas feras, mulher selvagem!” ou “prenda esses cabelos, você não é mais uma menina!”.
A verdade é que nunca dei muita importância ao tema. Meus cabelos sempre foram muito lisos, finos e por essa razão frágeis e quebradiços. Na adolescência lembro de idealizar cachos volumosos, mas na realidade mal os penteava.
Apesar da falta de preocupação e de adotar cuidados mínimos como manter o corte em dia para evitar pontas duplas e ressecamento excessivo, foi durante um episódio de queda que minha relação com o cabelo mudou.
Numa espécie de outono capilar meus cabelos se desprendiam de mim, indo embora sem dizer adeus. Era aflitivo e foi a partir de então que passei a cultivar alguns cuidados. Na época usei um shampoo que ajudou bastante da linha Care da holandesa Keune.
O desgaste em função do surfe virou fichinha e ao passo que meus fios pararam de cair passei a valorizar melhor certos cuidados com as madeixas.
O surf e os cabelos: uma relação conturbada
Quando comecei a surfar com mais frequência (leia-se aos finais de semana), não sabia o que fazer com o cabelo. Prender ou não prender? Trança, rabo-de-cavalo? Creme antes? Depois? Na época não havia referências e fontes de informação como hoje para auxiliar surfistas mulheres a respeito de nada.
Costumava surfar com os cabelos soltos, mas depois do aviso em tom de ordem do superintendido em fios (sqn), passei a amarrar com o clássico rabo de cavalo.
Durante a queda era tudo de bom. O pesadelo vinha depois. Tirar o rabo de cavalo era uma tortura e o resultado era sempre o mesmo: fios espatifados.
Testei diferentes elásticos, de meia, de plástico, grosso, fino. Nada feito. Quando optava pela trança era quase sempre um desastre e eu saía da água com dreadlocks, um emaranhado de nós que só se desfazia com um terço do pote de condicionador e muita paciência.
Hoje voltei a surfar de cabelos soltos. O que me dá certa liberdade e um sentimento de “mulher selvagem”, descabelada e feliz. E o melhor, menos fios quebrados, nós e afins.
Dicas espertas ou ciladas?
Antes de receitar qualquer coisa que seja, vale lembrar que o que é bom pra mim talvez não seja pra você, lembrando que meu cabelo é liso e fino. Então, caso esse não seja o seu caso, pode ser que as dicas espertas se transformem em verdadeiras ciladas
Condicionador
Antes de virar surfista o condicionador sempre durava mais que o shampoo no meu banheiro. A vida de sol e sal mudou o rumo das coisas e hoje a realidade é outra. Além de doses generosas, apelo para mais de uma opção no box. Assim, os fios não “acostumam”. Se é que isso faz algum sentido.
No momento, o do “dia a dia” tem sido o velho e bom Neutrox, versão cor-de-rosa para mar e piscina.
Os que disputam espaço no chuveiro são Dove Controle de Queda, Palmolive Erva Cidreira & Oleos Citricos e a mais recente descoberta, o Restore Hair da Ouribel.
Nem só de condicionador vive uma surfista
Para dar conta de tanto desgaste mantenho por perto outros hábitos e tipos de cuidados. Ducha de água doce é o princípio de tudo, de nada vale lambuzar os cabelos se o sal permanece nos fios. O Anti-quebra da Flores e Vegetais é uma boa opção custo benefício. Outro que uso, com mais parcimônia, é Leave-in dos deuses da Eico.
Agora a belezura do momento é o complexo de vitaminas da Holand & Barret que é rico em biotina. Além do e-commerce o produto pode ser encontrado em algumas farmácias brasileiras. É muito importante dizer que quando comecei o tratamento meus cabelos estavam bem enfraquecidos.
O que quero dizer é que se você está com os níveis vitamínicos em dia, o excesso de biotina pode ser um problema. Portanto, o mais correto é agendar uma consulta básica com uma nutricionista antes de se aventurar no mundo da biotina.
É isso povo, essas são minhas dicas sobre conciliar o surf e cabelos saudáveis.
Nota: Me perdoem os rapazes que, certamente, não chegaram até aqui. Deixo aos guerreiros uma pergunta:
Há algo que vocês gostariam de falar sobre cuidados masculinos? Tipo: como desgrudar a parafina dos pelos do peito sem que seja preciso fazer uma espécie de depilação forçada.
Beijos desembaraçados e boa semana de flat pra nós!
As dicas foram boas! Mas se eu não quiser usar os produtos dessas grandes empresas de beleza. O que devo usar? Cheers!
Já comecei minha pesquisa e nos próximos meses vou testar produtos alternativos.
Entendo que cada um está no seu processo, mas esses shampoos e condicionadores de grandes marcas alem de 99% testar em animais, ainda são plásticos e mais plásticos que acabam por terminar no mar, templo sagrado dos surfistas. Como bons surfistas seria uma ótima solução reduzir o consumo desses “amigos” que acabam por se tornar grandes inimigos quando terminados. Afinal, o que você faz quando acaba suas 3 variadas opções de condicionador? Existem inúmeras opções hoje em dia de shampoos e condicionadores (geralmente veganos e sem teste em animais) que não vem mais em embalagem plástica justamente por essa questão. Tem lojas online que entregam no Brasil todo. Procura na internet. Vale muito a pena se desvencilhar dessas marcas que só contribuem para denegrir nosso tão amado oceano. Bom surf e faz o teste!! São dicas efetivas pra quem quer cuidar do cabelo e também quer reduzir o impacto ambiental nas suas compras.
Oi Luiza, tudo bem? Que mensagem boa menina. Obrigada.Confesso que nesse quesito estou engatinhando. Reciclo meu lixo, consumo o mínimo que posso, já planto alguns alimentos, mas confesso que diante dos cosméticos ainda apelo para as marcas mais convencionais, como vc leu no POST. Entre os produtos que eu citei o da Palmolive é vegano se não me engano, mas com relação aos testes em animais somente o Flores e Vegetais diz no rótulo que não utiliza a prática. Mas como citei no comentário acima, vou fazer uma pesquisa e testar produtos novos, especialmente os não testados em animais… E escreverei sobre essa nova experiência. Realmente o plástico é um vilão terrível para os oceanos, vc tem toda razão. Bjs!!
Olá. A marca Inoar é excelente e não testada em animais mas ainda embaladas nos potes plásticos. Quem sabe em breve essa evolução chega nos fabricantes.
Bom dia Cristina! Obrigada pela dica! Vou testar 🙂
Beijos
Acho importante muita hidratação, cronograma capilar e tem a opção de usar óleos essênciais (sou apaixonada por eles) mas lembrando que precisa ser puro e de uma boa marca. O de jojoba para os cabelos e ótimo.