Muito prazer leitores do Origem Surfe. Com a alegria de quem volta a ficar em pé sobre uma prancha depois de anos, aceitei o convite da Janaína Pedroso para colaborar com o Origem Surfe.

por Diogo Mourão

A felicidade por voltar a escrever sobre surfe é como dropar uma onda novamente. Mesmo entrando num mar desafiador, espero que seja menos dolorido e com menos caldos. Como trabalhava na grande imprensa, escrevendo para o público em geral, nunca tive a chance de atuar na mídia especializada. Dá um frio na barriga, mas já remei. Vou dropar. Eddie would go!

Comecei a surfar lá pela metade da década de setenta, nas ondas rápidas e de poucas manobras de Ipanema. Nos fins de semana e nas férias, o destino era Arraial do Cabo, de onde vem a foto da direita perfeita e gelada de Massambaba que ilustra o texto. Vi das areias do Arpoador o lendário Waimea 5000 de 1976, quando pela primeira vez uma etapa do Circuito Mundial foi disputada no Brasil. Adolescente, sonhava virar fotógrafo de surfe, mas a brincadeira de comprar e revelar filmes era cara demais e meu caminho enveredou para o jornalismo esportivo no final dos anos 80.

Nas redações, escrevia sobre tudo e tentava mostrar para os editores que o surfe era um esporte sério e que o Brasil tinha bons valores e potenciais leitores. Uma batalha, mas a geração de Fabinho e Teco e a volta das etapas do Mundial ao Rio deram uma força. Éramos verdadeiros guerrilheiros do surfe, brigando por espaço para contar as histórias da geração.

Em 1996, no começo da Internet, criei o que talvez tenha sido o primeiro blogue (nem tinha esse nome ainda) de surfe da grande imprensa, com a coluna chamada “Nas ondas”, no Globo on line. Pouco depois fui para o Lance! e como editor tive mais vitórias do que derrotas nessa luta por espaço num país que vive a monocultura esportiva do futebol. Fiquei muito orgulhoso quando, em 1999, na festa de fim de ano da ABRASP, subi ao palco para receber o prêmio pela melhor cobertura do Circuito Brasileiro e fui chamado de “guerrilheiro do surfe” pelo ícone Ricardo Bocão. Adotei o “guerrilheiro”.

Fora das redações, já com agência de comunicação e assessoria de imprensa, o surfe continuou presente na minha vida, à frente dos trabalhos de algumas etapas do mundial no Rio, incontáveis eventos pelo Brasil e até uma inesquecível cobertura em Bells.

O trabalho e, confesso, o estresse de ter de brigar por onda no crowd, me afastaram do mar por um tempo, até eu saber que seria pai e sonhar poder surfar com o filho. Corri para uma funboard, a prancha ideal para surfistas de fim de semana acima do peso, e senti aquela alegria citada no primeiro parágrafo, numa direita na Prainha. Ainda tenho a prancha, mas por recomendação médica não posso mais surfar. Sou oficialmente um ex-surfista. Nas veias, porém, continua correndo água salgada.

Pretendo dividir ondas com vocês toda semana ou quando achar que tem uma série boa chegando. A coluna não terá muitas regras. Cabe surfe de competição, notícias, histórias, entrevistas e até pensatas. Espero que sejamos felizes.
Boas ondas!

PS. Nenhum dos meus dois filhos surfa, mas dividem comigo uma outra paixão praiana. Os mourões jogam frescobol muito bem.