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Surfe nas olimpíadas: brasileiros ficarão fora da vila e perto das ondas

por | jun 16, 2021 | Colab, Destaque, Olimpíadas | 7 Comentários

Quando a sirene tocar para a bateria de abertura das competições de surfe nas Olimpíadas de Tóquio, dia 25 de julho, o sonho de muita gente ligada ao esporte dos reis vai se realizar.  Lembro-me das primeiras matérias que escrevi sobre o que na época era um delírio, ainda no Século passado. Isso mesmo, antes da virada do milênio a International Surfing Association (ISA) já trabalhava para tentar incluir o surfe no programa olímpico. O crescimento do surfe no cenário mundial e a necessidade de o Comitê Olímpico Internacional (https://olympics.com/ioc) buscar atrair os jovens para as Olimpíadas tornaram o sonho realidade em Tóquio-2020/21 e pelo menos em Paris-2024.

por Diogo Mourão

Esse tempo foi bom para o Brasil, que chega como o grande favorito no masculino e com boas chances no feminino. Com o encerramento do ISA Games de El Salvador, dia 6, foram definidos os 20 homens e 20 mulheres que farão história no Japão. E o Brasil será um dos seis a levar o time completo, com dois homens e duas mulheres, assim como Japão, Estados Unidos, Austrália, França e Peru.

A Origem Surf conversou com Bezinho Otero, gestor de esportes do Comitê Olímpico do Brasil, (https://www.cob.org.br) para saber um pouco como será a competição na qual o país será representado por Gabriel Medina, Ítalo Ferreira, Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima. A equipe brasileira não ficará na Vila Olímpica com os demais atletas. Como o local de competição fica a mais de uma hora de distância da Vila, o COB alugou uma pousada para abrigar o time nacional.

“O surfe tem suas particularidades. Chamadas muito cedo. Vamos ficar a dez minutos do local de competição. Não podíamos perder mais de uma hora em deslocamentos.  O mais importante, porém, é a segurança dos atletas, que ficarão num local isolado, seguindo todos os protocolos de segurança contra a Covid, inclusive com testes diários”, explica Bezinho.

ISA Games El Salvador 2021 – Ítalo Ferreira, o fisioterapeuta do COB, Júlio Mattos (Dir.) e o Massoterapeuta do COB, Júlio Bransforf (Esq.) Crédito: Rafael Bello/COB.

Além de ficarem perto do local de competição, os surfistas terão apoio de equipe de fisioterapia e até alimentação especial, com comida brasileira.

“Num momento tão especial, melhor garantir uma alimentação com a qual os surfistas estão acostumados, para deixá-los confortáveis. Imagine ter de comer arroz no café-da-manhã no dia de uma final, pouco antes de disputar uma medalha”.

Favoritismo não garante medalha

Com Medina e Ítalo na equipe, não dá nem para fingir que o Brasil não é o grande favorito e nossos campeões mundiais têm mostrado, ano a ano, etapa a etapa, que sabem lidar muito bem com a pressão.  O domínio nacional nas últimas etapas criou grande expectativa. Já dá para comemorar o ouro?

“Não é bem assim. No papel, sem dúvida, somos favoritos, mas não é porque o time é forte que a medalha está garantida. Teremos a presença de alguns dos melhores surfistas do mundo e o surfe é um esporte que tem o imponderável da natureza, né?”

Segundo Bezinho, as ondas da praia de Tsurigasaki na época dos Jogos são pequenas, de meio a um metro, mas constantes, de vez em quando com vento que deixa o mar mexido.

“As condições podem deixar a competição mais equilibrada, tanto no masculino quanto no feminino.”

Com duas finais, um título e um terceiro lugar na temporada, Tatiana West-Webb também chegará ao Japão muito bem preparada e com boas chances de medalha. Apesar de ter perdido a vaga na elite mundial no ano passado, Silvana Lima continua um nome forte e não será surpresa se ela conseguir subir ao pódio.

Tatiana West-Webb ataca a onda de backside no Isa-Games. Em terceiro do ranking, Tati chegará com chances de medalha em Tóquio. Crédito: Rafael Bello/COB

Pelo cronograma, as disputas do surfe acontecerão de 25 a 28 de julho, com mais quatro dias extras, para caso de alguma impossibilidade nas datas anteriores.

“Não é uma janela de espera pelas melhores condições, como na WSL”, explica o gestor do COB.

O formato de competição também será diferente. A primeira fase terá cinco baterias de quatro surfistas. Os dois primeiros de cada avançam para a terceira fase, mas ninguém é eliminado. Os terceiros e quartos formarão duas baterias de cinco surfistas, que classificarão os três primeiros de cada para as oitavas-de-final, já em baterias homem a homem (mulher a mulher) eliminatórias até a final. Outra diferença é que os que perderem as semifinais voltarão à água para disputar a medalha de bronze.

Classificados para os Jogos

Esta lista ainda pode mudar por causa das lesões de alguns atletas, entre eles John John Florence e Kolohe Andino, o que poderá abrir uma vaga para Kelly Slater na equipe americana.

Masculino

1 Italo Ferreira (BRA) – classificado pela WSL
2 Gabriel Medina (BRA) – classificado pela WSL
3 Jordy Smith (AFR) – classificado pela WSL
4 Kolohe Andino (EUA) – classificado pela WSL
5 Kanoa Igarashi (JAP) – classificado pela WSL
6 John John Florence (EUA) – classificado pela WSL
7 Owen Wright (AUS) – classificado pela WSL
8 Jeremy Flores (FRA) – classificado pela WSL
9 Julian Wilson (AUS) – classificado pela WSL
10 Michel Bourez (FRA) – classificado pela WSL
11 Hiroto Ohhara (JAP) – classificado pelo ISA Games 2021
12 Leon Glatzer (ALE) – classificado pelo ISA Games 2021
13 Lucca Mesinas (PER) – classificado pelo ISA Games 2021
14 Miguel Tudela (PER) – classificado pelo ISA Games 2021
15 Manuel Selman (CHI) – classificado pelo ISA Games 2021
16 Ramzi Boukiam (MAR) – classificado pelo ISA Games 2019 – vaga da África
17 Frederico Morais (POR) – classificado pelo ISA Games 2019 – vaga da Europa
18 Billy Stairmand (NZL) – classificado pelo ISA Games 2019 – vaga da Oceania
19 Rio Waida (IND) – classificado pelo ISA Games 2019 – vaga da Ásia
20 Leandro Usuña (ARG) – classificado pelos Jogos Pan-Americanos – vaga da América Latina

Feminino

1 Carissa Moore (Estados Unidos) – classificada pela WSL
2 Caroline Marks (Estados Unidos) – classificada pela WSL
3 Stephanie Gilmore (Austrália) – classificada pela WSL
4 Sally Fitzgibbons (Austrália) – classificada pela WSL
5 Tatiana Weston-Webb (Brasil) – classificada pela WSL
6 Johanne Defay (França) – classificada pela WSL
7 Brisa Hennessy (Costa Rica) – classificada pela WSL
8 Silvana Lima (Brasil) – classificada pela WSL
9 Yolanda Sequeira (Portugal) – classificada pelo ISA Games 2021
10 Teresa Bonvalot (Portugal) – classificada pelo ISA Games 2021
11 Daniella Rosas (Peru) – classificada pelo ISA Games 2021
12 Leilani McGonagle (Costa Rica) – classificada pelo ISA Games 2021
13 Pauline Ado (França) – classificada pelo ISA Games 2021
14 Mahina Maeda (Japão) – classificada pelo ISA Games 2021
15 Amuro Tsuzuki (Japão) – classificada pelo ISA Games 2021
16 Sofia Mulanovich (Peru) – classificada pelo ISA Games 2019
17 Bianca Buitendag (África do Sul) – classificada pelo ISA Games 2019 – vaga da África
18 Anat Lelior (Israel) – classificada pelo ISA Games 2019 – vaga da Europa*
19 Ella Williams (Nova Zelândia) – classificada pelo ISA Games 2019 – vaga da Oceania
20 Dominic Barona (Equador) – classificada pelos Jogos Pan-Americanos – vaga da América Latina

Colagem de Alexandre Almeida / @designeralexandre_
Sobre o autor

Origem Surf

Janaína Pedroso surfa há 21 anos. É formada em Comunicação Social/Jornalismo, com especialização em Roteiro para TV, Teatro e Cinema. Já atuou como apresentadora com passagens pela Globo, Band e CNT e como repórter para Editora Trip. Atualmente divide seu tempo entre a maternidade, o surfe, a produção de textos e à frente da empresa de comunicação Origem Press.

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