Devo iniciar o texto esclarecendo que não sou vegana, tampouco pretendo me tornar. 

Entretanto, sou capaz de compreender a importância do veganismo, além de me sensibilizar com os veganos, rotineiramente hostilizados, assim como eu. Mas isso não vem ao caso. 

A verdade é que a curiosidade fez com que recentemente eu frequentasse um workshop de queijos veganos, comandado por Mari Serrano, 39, vegana e especialista em alimentação consciente.

O encontro foi realizado na Casa Viva, em Itamambuca, antes das chuvas torrenciais e após dias de sonho ao lado de mulheres surfistas.

Então, Mari ensinou que diacho é isso de queijo vegano. Confesso que não concordo com esses nomes: queijo vegano, hambúrguer de soja, carne de jaca. 

Queijo é queijo e jaca é jaca. Mas compreendo a necessidade de quebrar paradigmas e se é para o bem da humanidade, que assim seja.

Mas verdade seja dita, diferente do hambúrguer de soja que não se parece em nada com o legítimo (e tão amado, confesso) burgão bovino, o queijo vegano tem gosto de queijo. E isso me deixou levemente perturbada. 

Com dores musculares após três dias de surfe com muita culpa materna, naquele momento o incômodo vinha mesmo por outra razão: como pode algo que não é queijo ter gosto de queijo?

Mari logo explica, acalmando meu desconforto: “esse sabor de queijo ocorre pelo fato de haver fermentação, Jana”. 

Fermentação, a bola da vez

A pandemia chegou para aquecer o mundo dos fermentados, apesar de há anos macrobióticos e outras vertentes baterem na tecla sobre seus benefícios. 

De acordo com estudo publicado na CELL, comprovou-se que alimentos fermentados contribuem para diminuição de processos inflamatórios no organismo. Consequentemente, e entre outras razões, fortalece-se então o sistema imunológico.

E é justamente falando sobre a fermentação que Mari Serrano iniciou nossa aula de queijos veganos. “A natureza é a chef de cozinha no universo da fermentação natural”, diz ela.

Mari tornou-se vegana após uma sequência de problemas de saúde. “Parei de menstruar, depois desenvolvi canelite. Então fui a uma nutricionista que disse que meu organismo estava inflamado”. 

Após um mês sem derivados de animais e álcool Mari conta que se curou. “Depois disso mergulhei de cabeça na alimentação vegana e alcalina”.

Os queijos veganos da Mari Serrano são feitos à base de uma bebida chamada Rejuvelac (a receita está no final do texto). Basicamente, um preparado fermentado de água e grão de bico.

Ela aconselha a beber uma dose de Rejuvelac todos os dias. O gosto é ok, mas o cheiro é um problema. Dito isso, a solução que vi para minha imunidade é consumir Kombucha. 

De verdade, após os curso ainda não refiz os queijos, que no encontro testei e aprovei todos. A correria do dia a dia é um grande impeditivo, confesso. Porém, sigo extremamente curiosa e interessada sobre maneiras mais saudáveis de alimentação. O pé nos 40 já está próximo e hoje mais do que nunca penso em como posso prolongar meu tempo de vida no surfe, esse esporte que exige tanto.

Receita Rejuvelac

  • 1 xícara de chá de grão de bico
  • 1 litro de água

Deixe os grãos de molho por 8 horas. Depois escorra a água e lave os grãos. Transfira para peneira e deixe repousando por mais 8 horas, ou até que surjam os sinais de germinação (‘narizinhos’ nos grãos). Recomenda-se molhar os grãos enquanto estiverem na peneira para que permaneçam úmidos.

Coloque o grão de bico germinado em uma garrafa de vidro e adicione um litro de água potável. Tampe com um voal e deixe fermentar por até 48 horas. Com uma peneira coe o grão de bico e reserve a água do processo de fermentação em uma garrafa de vidro na geladeira. Com o mesmo grão de bico é possível repetir o processo por mais uma vez.

Receita de Queijo Vegano da Mari Serrano

  • 2 xícaras de chá de castanha de caju crua e sem sal ou de macadâmia crua
  • 1 xícara de Rejuvelac

Adicione as castanhas e o rejuvelac no liquidificador e bata até virar um creme bem liso. Transfira para tigela de vidro ou inox, tampe com voal de deixe fermentar de 24 a 48 horas.

Tempere o queijo com sal e temperos favoritos e coloque em forma arredondada forrada com papel manteiga. Leve a geladeira por mais ou menos cinco dias, ou até que fique firme a ponto de desenformar. Transfira para um papel manteiga novo em um prato e volte a geladeira. A cada dois dias vire o queijo. Quanto mais dias na geladeira mais maturado ficará o queijo, podendo chegar na consistência de um parmesão, por exemplo.

Retiro sobre Alimentação Consciente vem aí

Anota aí, de 15 a 17 de julho você tem a chance de conhecer técnicas e aprender receitas deliciosas e saudáveis. O curso de Alimentação Consciente de Mari Serrano será oferecido na graciosa Casa Viva, a pouquíssimos metros da praia de Itamambuca.

Para saber mais acesse @mariserrano1 ou pelo telefone (11) 98637-5386