Medina dá adeus às Finais

Nem sempre o melhor surfista vence uma etapa de surf mundial; ou melhor: nem sempre o surfista mais talentoso é quem vence, seja lá qual for a competição a qual se propõe competir.

Ontem, na decisão masculina do fatídico Tahiti Pro 2023, o surfista que mais brilhou durante toda a etapa do mundial, Gabriel Medina, acabou derrotado pelo oponente Jack Robinson, que pode também ser chamado de homem-de-gelo.

Com a derrota, Gabriel Medina deu adeus à possibilidade de um quarto título mundial e de uma vaga nas Olimpíadas, o que não inviabiliza uma medalha de ouro para o Brasil, mas diminui as chances disso acontecer.

É uma pena que o surfista, tricampeão mundial, tenha chegado tão perto de uma vaga na grande final e também de um ouro olímpico.

Vale lembrar que os jogos olímpicos de Paris, no ano que vem, terão para as disputas do surf, neste mesmo palco: Teahupo´o.

Assim como nesta etapa, as ondas decepcionaram e não houve sequer um dia em que Teahupo´o deu o verdadeiro ar da graça, isso também pode se repetir durante a corrida olímpica.

Contudo, caso Yemanjá e Netuno estejam em harmonia, e o complexo conjunto de fatores meteorológicos contribuir, conheceremos de perto quem são os mais completos surfistas do mundo (além de Medina).

A inércia de Filipe Toledo

Certamente, depois da final masculina do Tahiti Pro 2023, o assunto mais comentado e que levantou mais polêmica foi a atitude de Filipe Toledo, durante sua última bateria no evento.

Classificado para as finais, logo mais nos Estados Unidos, e com vaga olímpica assegurada, Filipe Toledo participou da bateria contra Mihimana Braye quase como um espectador (guardados os devidos exageros).

Notas do Toledo contra Braye.

A postura reverberou entre os mais críticos fazendo soar quase como uma atitude desrespeitosa à comunidade do surf, nos olhos de alguns. Para o colunista do Duke, um dos veículos mais “progressistas” do surf atualmente, “Filipe Toledo e o tour mundial são não mais do que pura encenação”. Que pesado!

Não há como negar a frustração de não ver Filipe Toledo surfando Teahupoo como John John, Medina, Jack. Entretanto, neste caso específico, o atleta fez o jogo inteligente. Traçando um paralelo com o futebol, qual técnico em sã consciência coloca seu melhor talento para jogar, quando a decisão já está certa e a vitória é o único resultado?

A resposta é simples: Nenhum…

Mulheres e a decisão mais justa de todos os tempos

Na final da categoria feminina do Tahiti Pro 2023, duas das melhores atletas do mundo se desafiaram. De um lado Caroline Marks, de outro, Caity Simmers. Ambas dos EUA, e que renovam as esperanças de um país, que desde Kelly Slater, não encontra um novo grande fenômeno da modalidade.

Caity representa o que há de mais fresco, dinâmico, alegre, e lindo do surf da nova geração. Marks, apesar da pouca idade, acumula inúmeras participações em eventos mundiais e soa até estranho fazer a ela menção de nova geração. 

Foi lindo, apesar de o vento estragar o show.

WSL e a falta de sorte

Se houve um dia de ondas perfeitas e mar clássico, isso aconteceu em uma única etapa: África do Sul. E, mesmo assim, foi só um dia. Talvez, Sunset, na final, mas muito aquém do que o pico proporciona.

Em todas as outras dez etapas do CT (Championship Tour), os picos não deram o ar da graça. Ou melhor, até deram, mas não na janela de competição.

Em Teahupoo, por exemplo, as ondas quebraram mesmo durante o trials que, inclusive, tirou o número 2 (antes da conclusão dessa etapa) do ranking da briga. 

Ethan Ewing foi massacrado pela onda contra a rasa bancada de coral, o que resultou em uma fratura séria nas costas, que pode deixar o Australiano fora das finais.

Por fim, não há muito o que fazer nesse sentido, a não ser torcer para que em 2024, a sorte esteja do lado da Liga.

Medina da adeus às Finais
Medina voa, mas dá adeus às finais. Beatriz Ryder/World Surf League.