Uma folha em branco, um nó na garganta, uma vontade de chorar, medo. As cenas do RS são de entristecer qualquer um.
Não bastasse a violência das águas que varreram de casas a corpos, dias após a tragédia, as cenas são ainda mais devastadoras. Crianças sem pais em abrigos improvisados, animais abandonados vagando pelas ruas, ou presos a telhados de construções submersas.
Nas redes sociais tudo é tragédia. Penso em dar um tempo, sair do Instagram, viver na minha bolha já que minha saúde mental parece comprometida.
Tenho surfado apesar da minha cabeça não parar. Sinto raiva de quem negou e nega as mudanças climáticas, raiva desse sistema ridículo que trata recursos naturais como se fossem infindáveis.
Penso em como será a vida do meu filho, penso como será a minha vida, penso que estão acabando com o que resta do planeta por conta de dinheiro. E não é um dinheiro necessário, mas a ganância do acúmulo.
Ando triste e ansiosa. A cada semana uma notícia mais desumana. Onde vamos parar?
Certamente logo esqueremos o RS e outra tragédia terá lugar; o “novo normal” das tragédias climáticas, dizem especialistas.
Tento me agarrar no trabalho, na alegria que tenho ao ver meu filho crescer, nas minhas plantas e no surf. Como o surf tem sido importante nesses dias cinzas!
A melhor coisa que fiz foi ter investido em uma prancha de surf nova!
Estou animada com o equipamento novo, pois minha antiga prancha era larga e grossa demais. Embora tenha sido necessária para minha retomada, após o nascimento do meu filho, não me servia mais.
Para manter a motivação no surf é essencial que o equipamento esteja em dia, e isso não significa ter um quiver imenso, pelo contrário.
Não há nada mais frustrante do que uma prancha errada.
De resto, acredito que o segredo esteja em estabelecer um compromisso mínimo com nós mesmos, e tenho feito isso.
Assim vou vivendo e aprendendo a ter menos culpa, ser menos dura comigo, me amar mais e sofrer menos.
Ando pensando em sair das redes…
E sobre o Rio Grande do Sul, acredito que devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, mesmo que pareça pouco. Aqui em casa separamos itens como roupas e roupas de cama e enviamos para lá através dos Correios.
Há bastante fake news também e isso é simplesmente estarrecedor.
A Defesa Civil divulgou que até o momento há 1,4 milhão de pessoas afetadas em mais de 400 cidades. Entre desalojados e desabrigados estão mais 230 mil pessoas; 100 pessoas mortas.
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