Dezessete anos após o acidente que lhe tirou um braço, a surfista Bethany Hamilton responde com exclusividade ao blog Origem Surf como foi a adaptação após ser atacada por um tubarão tigre de quatro metros, enquanto surfava. Grávida do terceiro filho, a surfista conta como é encarar a maternidade, os desafios no mundo das ondas grandes e o que a motiva como palestrante

por Janaína Pedroso

Pergunta – De que forma, na sua opinião, o surfe pode transformar a vida de alguém?

Resposta – Estar ao ar livre e em contato com a Natureza ajuda a dar perspectiva de vida a alguém.. Quando eu estou na água, sinto que me ajuda a “limpar a cabeça”, aliviar preocupações e me conectar com o momento presente, comigo mesma e meus pensamentos. O surfe também é capaz de ensinar algumas lições de vida, ele pode ser um bom treino para humildade, é bastante estimulante também e certamente ajuda a moldar persistência e resiliência.

Bethany grávida do terceiro filho. Reprodução Instagram.

P – Se você pudesse voltar no tempo e dar alguns conselhos para a menina Bethany, logo após o acidente, o que diria a ela?

R – Tenha esperança, sempre! Seja agradecida e tenha foco apenas no que você pode fazer.

“Quando permitimos que o medo domine, perdemos a beleza que o espera.” @unstoppablethefilm @lieberfilms

P – O que é mais desafiador, encarar a maternidade ou Jaws?

R – Ambos são desafiadores, tanto emocionalmente quanto fisicamente, mas de formas totalmente diferentes!  

Ser mãe me consome por completo. Mas também é lindo e uma das maiores alegrias da minha vida! Acredito que seja muito especial para mim e para meu marido Adam, sermos os maiores influenciadores nas vidas de nossos filhos. Ensinar, orientar e liderar por meio de bons exemplos é uma benção e um desafio ao mesmo tempo. A maternidade me mostrou que cada escolha que eu faço acarreta de alguma forma na minha família. Com certeza eu me tornei mais consciente sobre a maneira que lido com os outros e eu realmente quero ser minha melhor versão como mulher e como mãe.

Jaws, por outro lado, é louco e selvagem! E amei surfar Jaws e tenho profundo respeito pelos surfistas que dedicam suas vidas naquelas ondas monstruosas! Jaws definitivamente não é para fracos, com certeza..

P – Sua incrível história serve como exemplo de superação, fé, autoconfiança e autocontrole e deve servir de inspiração para transformar vidas diariamente, tanto de pessoas com alguma deficiência ou não. Como você lida com tal papel?

R – Obrigada. Inicialmente, não foi algo fácil para mim, honestamente. Eu sou mais introvertida, caseira. Então, estar sob os olhos do público e da mídia foi necessário uma enorme adaptação. Eu acredito que estar focada nas minhas paixões, coisas que eu amo e que dão sentido à minha vida me ajudaram a lidar com esse papel. Eu sou apaixonada pelo surfe, pela fé, por minha família e por ajudar outros a superarem desafios da vida. Minha fé é provavelmente minha maior habilidade. Compreender a graça e o amor de Deus por mim me deu humildade, mas também a confiança interior e compaixão para ser um bom modelo a ser seguido . Aprendi a abraçar a beleza do que precisei superar.

Parte do propósito do meu novo filme,  Bethany Hamilton: Unstoppable,  é ajudar a contar uma nova história sobre quem eu me tornei. Eu não apenas continuei a surfar, mas fiz isso em um nível que podemos comparar com a de uma surfista da elite do surfe mundial. Esta é apenas uma forma que eu aprendi a ajudar outras pessoas a ter também uma “unstoppable live” (algo como vida invencível).

P – O que foi mais desafiador  durante sua jornada após o acidente?

R – Remar com apenas um braço foi provavelmente meu maior desafio, mas eu comecei a aprender algumas maneiras, batendo os pés, que me ajudaram a me impulsionar na água e apoiar meu braço. Inicialmente, o joelhinho foi muito difícil também, mas meu pai surgiu com a ideia de colocar uma alça na minha prancha, para que eu pudesse segurar, empurrar e controlar minha prancha no momento de mergulhar para furar as ondas. Eu ainda uso a alça, até hoje, para dias de surf com ondas maiores.

Me manter criativa e pensar fora da caixa foi a ‘chave’ para mim e para meus treinadores, de forma que eles me ajudaram a voltar para a modalidade em um nível competitivo. Ter uma mente “adaptável” também tem sido um elemento-chave na minha jornada. É essa mentalidade, na verdade, que uso nas minhas palestras e cursos.   

Por fim, se você está estressado, desmotivado e se sentindo derrotado por todos os desafios que aparecem no seu caminho, eu convido a vir comigo, visitar meu website para mergulhar nesse assunto comigo! Lá eu divido 5 passos simples para viver uma “unstoppable life” e pode apostar que a adaptação é fundamental!

Então, você também pode ser invencível, e eu vou amar te ajudar e guiar você nesse percurso!! bethanyhamilton.com/adapt

Bethany em família. Reprodução Instagram.

Agradeço imensamente a oportunidade de entrevistá-la!

E já que estamos falando de maternidade, quero dividir com você o episódio de Maré Feminina, no qual faço parte. Foi uma alegria ser entrevistada por Chloé Calmon e falar sobre a tal “jornada tripla”.

Beijos e boas ondas!