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Pipe Masters só para homens; até quando?

por | nov 26, 2020 | Opinião, Surfe Feminino | 4 Comentários

A estreia do circuito mundial de 2021 finalmente está perto de começar. Depois de um ano perdido por conta da pandemia da Covid-19, o mundo do surfe de competição parece voltar aos trilhos.

por Janaína Pedroso

Se por um lado os homens terão uma espécie de retorno triunfal, já que estarão diante da onda mais midiática e desejada do planeta: Pipeline; por outro, as mulheres começam o tour na morna (se comparada à pipe) Honolua Bay.

Não é de hoje que existe a discussão em torno da ausência de mulheres em Pipeline. Considerada a onda mais ‘selvagem’ do circuito, o Pipe Masters é um evento exclusivamente masculino. Porém, já são várias as mulheres que têm nível técnico e ímpeto para surfar essa onda.

Então, o que mantém as mulheres à margem do principal pico de surfe do mundo?

Nível técnico, ‘go for it’, força física? Não acredito em nenhuma dessas questões. Em contrapartida, há em mim a nítida sensação de que ainda há ‘lugares permitidos’ para a presença de mulheres e ao que parece, Pipeline não é um deles.

Certamente, estamos falando de uma das ondas mais perigosas do planeta, e que coloca em risco também a vida de homens. Aliás, todos os anos, a cada edição do Pipe Masters, pipocam comentários em torno de surfistas homens que parecem amarelar para a ‘desumana’ Pipe. E não é para menos. Mesmo assim, ninguém discute se eles deveriam ou não surfá-la, então por que o fazem com as mulheres?

Outra questão que mina a confiança das surfistas é a própria postura cerceadora. Afinal, são anos afirmando que Pipe Masters não é ‘coisa de mulher’. 

Imagino que seria um espetáculo assistir Carissa, Stephanie, Tyler, entre outras nos salões azulados da onda mais espetacular do planeta!

Além das experientes surfistas, merece destaque a jovem Moana Ka´aeamoku Wong, que desde os quinze anos surfa Pipeline. Há dois anos familiarizada com a onda, Moana sonha poder participar do Pipe Masters um dia. 

“Adoraria fazer parte do Pipe Masters um dia. Surfar Pipeline é muito especial para mim. É muito desafiador ao mesmo tempo, mas eu amo. É viciante para mim. Eu fico feliz apenas de estar no outside, independente se eu pego uma boa onda ou não. Sou abençoada por Deus me manter segura e me dar as direções para que eu me conecte com o oceano!”, disse Moana ao blog.

Está mais do que na hora de as melhores surfistas do mundo finalmente serem parte do Pipe Masters.

Por fim, é inaceitável que ainda exista lugar demarcado e proibido a nós mulheres.

Moana Ka’aeamoku Wong é conhecida por dropar Pipe desde os 15 anos de idade. Reprodução Instagram.
Sobre o autor

Origem Surf

Janaína Pedroso surfa há 21 anos. É formada em Comunicação Social/Jornalismo, com especialização em Roteiro para TV, Teatro e Cinema. Já atuou como apresentadora com passagens pela Globo, Band e CNT e como repórter para Editora Trip. Atualmente divide seu tempo entre a maternidade, o surfe, a produção de textos e à frente da empresa de comunicação Origem Press.

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4 Comentários

  1. Cláudio Rangel

    E existe a questão dos Hawaianos liberarem a realização do evento, na melhor época, sendo privados de surfar alguns dias de mar clássico.

  2. jose carlos ferreira da silva

    Penso que não se trata de uma discussão ideologica acerca de “machismos” etc.

    Creio que tem a ver com a questão técnica que embasa a plasticidade, a beleza de quem surfa essa onda.

    Não vejo ainda uma surfista no nível de qualquer homem para surfar essa onda.
    E isso, acarreta em o quanto de visibilidade e patrocínio vai trazer a competição feminina para viabilizar a disputa.

    Resumindo, a falta de interesse em assistir o surf feminino é o grande problema, e não adianta querer enfiar isso goela abaixo dos amantes do esporte. Acontece também no futebol.

    • Camila

      O clássico comentário daqueles que ainda acreditam no cerceamento de mulheres no espaço do surf. As mulheres surfaram Pipeline ontem por uma questão de adaptação ao incidente ocorrido com a morte do surfista na última etapa. Quer dizer, a partir de algo realmente trágico para o surf (morte de um surfista por ataque de tubarão), é que as mulheres tiveram “o direito”, direito este dado pelos homens, para que elas pudessem competir as finais com a mesma transmissão e cobertura televisiva, midiática, entrevistas, LUGAR. As mulheres vem conquistando espaço no Surf e com certeza não é acatando comentários machistas (disfarçados de preocupação com a estética do surf). Se você não reconhece as diferenças de gênero dentro do esporte, desligue a televisão enquanto as mulheres surfam, não consuma, mas reconheça que sua preocupação não é estética. Por mais diversidade no SURF!!

  3. uloyu

    By the mid 20th century, humans had achieved a mastery of technology sufficient to leave the atmosphere of the Earth for the first time and explore space.Technology deals with human as well as other animal species’ usage and knowledge of tools and crafts, and how it affects a species’ ability to control and adapt to its natural environment. https://mgwin88tm.com/ The word technology comes from the Greek technología (τεχνολογία) — téchnē (τέχνη), ‘craft’ and -logía (-λογία), the study of something, or the branch of knowledge of a discipline.[1] A strict definition is elusive; technology can be material objects of use to humanity, such as machines, but can also encompass broader themes, including systems, methods of organization, and techniques.

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